Editorial - Os campos de refugiados e o Covid-19

Por Cláudio Magnavita*
Não se acha na imprensa internacional uma linha sobre os possíveis efeitos da pandemia nos campos de refugiados na Europa, especialmente no entreposto humano em que se transformou a ilha de Lesbos, na Grécia, com cerca de 20 mil imigrantes. Parecem estar entregues à própria sorte.
Se o Covid-19 chegar a eles, será um dos maiores genocídios da história. Se em países europeus como Itália e Espanha já temos cenas de horror, com colapso de sistemas hospitalares supermodernos, qual será o cenário se a peste chegar aos refugiados?
As potências mundiais estão preocupadas com o seu próprio umbigos. A Organização das Nações Unidas não emite uma nota. As entidades filantrópicas internacionais e ONGs como os Médicos Sem Fronteira estão bravamente lutando sozinhos.
O mais preocupante é que essa massa humana estará desprotegida, mesmo que apareça dinheiro. Faltarão respiradores, equipes médicas e remédios. Será outro aspecto cruel desta pandemia.
É necessária uma mobilização internacional para que a tragédia anunciada não ocorra. São valores de humanidade que precisam ser defendidos em um momento de egoísmo planetário. A omissão será considerada, nos futuros livros de história, um pacto para extermínio coletivo de um incômodo das nações europeias.
Os refugiados, especialmente os sírios, merecem muito mais do que orações sinceras. O perigo é real, e o silêncio da mídia também pactua com este genocídio anunciado.

Cláudio Magnavita é diretor de redação do Jornal Correio da Manhã