Submarino da Indonésia desaparece com 53 a bordo perto de Bali


Igor Gielow (Folhapress)

O submarino KRI Nanggala-402, construído na Alemanha e em operação desde 1981, perdeu contato com as autoridades após pedir permissão para mergulhar, à 3h no horário local (16h de terça em Brasília).

Aviões foram enviados para a região e identificaram manchas de óleo na água, indicativo de um naufrágio. Os governos de Singapura e da Austrália, vizinhos do arquipélago indonésio, ofereceram ajuda para as buscas.

Acidentes com submarinos, um dos mais complexos tipo de embarcação à disposição das Marinhas, não são raros. Em 2017, a Argentina perdeu o ARA San Juan, afundado após uma explosão interna não explicada até hoje.

Caso mais clássico ainda é o do Kursk, submarino nuclear russo que afundou após uma explosão no seu compartimento de torpedos em 2000, no alvorecer da era Vladimir Putin no poder. O Nanggala é um submarino da classe Cakra, encomendado junto à Alemanha em 1977. É uma das inúmeras variantes da bem-sucedida linha de embarcações para exportação IKL-209.

Há outro desses em operação na Marinha indonésia e mais dois de um modelo mais moderno do 209 feito sob licença na Coreia do Sul, a classe Jang Bogo -chamada de Nagapasa por Jacarta.

O Brasil opera 5 embarcações da linha 209, 4 da classe Tupi e 1, da Tikuna. Desde 2009, trocou de parceiro e está construindo 4 submarinos franceses Scorpène. Sua versão brasileira, maior e modificada, é a classe Riachuelo, e há dois deles no mar hoje -um em fase avançada de testes, outro recém-lançado.

O Nanggala havia sido modernizado na Coreia do Sul, parceira militar da Indonésia, em 2012. Mas sua provável perda é mais um sinal das dificuldades pela quais passam as Forças Armadas do país.

Situado no centro das rotas marítimas contestadas por China e pelos EUA e seus aliados, a Indonésia é estrategicamente vital em qualquer configuração política no Indo-Pacífico.

Em 2019, o presidente Joko Widodo buscou avançar o programa de modernização bélica colocando um ex-adversário, o general Prawobo Subianto, como ministro da Defesa. Na avaliação do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, entidade britânica que é referência na área, até aqui o esforço tem sido lento.