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EUA voltaram a vencer, diz Trump em mensagem que mirou público doméstico em Davos

Por Luciana Coelho e Alexa Salomão/ FolhaPress

Não houve fanfarra neste ano como em 2018, quando Donald Trump subiu ao palco apenas após uma banda homenageá-lo. Desta vez, antes de seu discurso uma banda folclórica tocou uma canção informalmente considerada o hino da suíça. Bumbos para bater, somente no discurso.

"Os EUA estão florescendo, estão se superando. Estamos vencendo de novo", disse nesta terça-feira (21) Trump à plateia de líderes políticos, sociais e empresariais do mundo e jornalistas, no início de um discurso feito do outro lado do Atlântico no mesmo dia em que o Senado americano examina seu impeachment.

Ao longo do pronunciamento, que começou com atraso de 15 minutos e durou exatos 30, o americano enumerou feitos, sobretudo a recuperação do mercado de trabalho americano, e exortou outros países a seguirem seus passos. "Peço que liberem seus cidadãos do fardo da burocracia", exclamou. O índice de desemprego nos EUA paira atualmente em 3,5%, o menor nos últimos dez anos e um dos mais baixos da história.

No discurso de Trump, para quem seu país precisava "consertar os acordos comerciais de que participava",  a relação entre EUA e China "nunca esteve melhor". 

"Eu e o presidente Xi [Jinping], nós nos amamos", disse Trump, que no passado já deixou sem resposta um "eu te amo" do brasileiro Jair Bolsonaro. Pequim e Washington selaram recentemente um acordo para suspender a chamada guerra comercial. O americano também listou acordos com Canadá e México e o desejo de forjar um pacto com a Coreia do Sul e o Reino Unido.

Só aos nove minutos de discurso, porém, Trump lembrou-se que falava para uma plateia global e convinha citar a comunidade internacional para além dos acordos de comércio. A alusão, porém, foi um tanto desastrada. 

"Ninguém está no nosso nível. Alguns chegarão, porque muitas coisas boas aconteceram com os EUA e podem acontecer com outros países. Mas ainda não", exclamou, para um riso contido da plateia. Não ficou claro se o americano falava da eleição de outros líderes alinhados com ele.

Mas Trump também tentou cicatrizar algumas feridas, algo que não fez em sua primeira participação, em 2018. 

Detrator do Acordo de Paris sobre o clima, ao qual abandonou, disse que o ar em seu país nunca foi tão limpo e que está comprometido com "cuidar das belezas naturais da criação divina". E recebeu palmas ao dizer que os EUA se uniriam à iniciativa do Fórum, anunciada no ano passado, para plantar 1,2 trilhão de árvores -o cuidado com o ambiente é um dos eixos do Fórum na reunião deste ano.

Apesar do ufanismo dominar boa parte da fala, Trump também tentou passar uma mensagem global de otimismo com pouco eco no Fórum deste ano, assombrado pela lentidão da recuperação econômica na maior parte do mundo. "Temos motivos para ser otimistas. Não é tempo para as dúvidas ou para o medo."

E guardou loas para monumentos europeus, em uma divagação rocambolesca sobre a arquitetura de Florença e o incêndio e restauração da catedral de Notre-Dame, em Paris, para falar da engenhosidade humana. "Temos que seguir com confiança no futuro, não podemos ser tíbios ou tímidos, e vamos fazer nossos países mais fortes e o mundo mais bonito que nunca antes."

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