Marketing não salva vidas

Por Rodrigo Bethlem*

Entrei no site da secretaria estadual de Saúde para pesquisar sobre o número de mortes por COVID, na cidade do Rio de Janeiro. Diferente do ano passado, quando faltavam leitos, respiradores e a tão esperada vacina, neste ano, a nova gestão tinha tudo para ter uma drástica redução na mortalidade por COVID .

Me assustei quando me deparei com os números oficiais. Ao contrário do que se pensava, em 2020,  foram 14.860 mortes por COVID e em 2021, até o dia 21 de outubro, o número chegava a 19.815 óbitos. Outro dado impressionante é que a cidade do Rio, apesar de ter, aproximadamente, 39% dos moradores do Estado (segundo o IBGE), responde por 50% das mortes registradas no Estado.  Inacreditável! Fiquei imaginando as razões de, apesar de ter vacinas e a infraestrutura hospitalar ser mais favorável,  por que morreram mais pessoas de COVID este ano do que no ano passado?

O desmonte do hospital de campanha do Rio Centro, que oferecia 500 leitos, certamente, é um dos motivos.  Sob a alegação de irregularidades, tirar da população essa quantidade considerável de vagas, em plena pandemia, foi um dos primeiros atos da atual gestão . Ora, se havia indício de erro, que apurasse! Mas, ao invés disso, preferiram deixar a população sem atendimento, o que pode ser definido como um verdadeiro genocidio (pra usar a palavra da moda).

E tem mais: outro fato que, com certeza, contribuiu foi a atabalhoada troca da Empresa Pública de Saúde (RioSaúde) pela OS Viva Rio, que, inclusive, é questionada na Justiça pelo próprio município. Mas, a Prefeitura não se importou com isso e assinou contratos com a Viva Rio que somam mais de  UM BILHÃO DE REAIS .

Vou além: talvez, a principal contribuição para o aumento de mortes foi o secretário de Saúde, Daniel Soranz, se preocupar mais em aparecer na mídia vacinando famosos, do que cuidar da gestão. Típico comportamento de quem está pensando em uma futura candidatura.  Lastimável!

Para quem acha que estou exagerando, lanço o desafio de achar em Santa Cruz , na Zona Oeste, três Clínicas da Família com os seus quadros completos .

Mesmo com esse preocupante e triste cenário, ainda há tempo de cuidar da Saúde.

E a receita prefeito Eduardo Paes é: menos marketing e mais gestão!

*Ex-deputado e consultor político