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O TikTok e sua influência nas novas relações de consumo e comportamento

Por Francisco Guarisa*

Antes de iniciar uma breve análise sobre essa revolução que está ocorrendo nas redes sociais, é importante entender o que é essa plataforma e seu significado no universo digital. Ela possui conteúdos potencialmente baseados em tendências, que são expressos através de vídeos de curta duração. Vídeos em que o usuário pode livremente explorar sua criatividade por meio da utilização de diversas ferramentas de edição, de forma simples e intuitiva. Sua ascensão meteórica no último ano, impulsionada pela pandemia, fez com que anônimos, personalidades, empresas e marcas passassem a conviver harmonicamente no mesmo ambiente, gerando regularmente conteúdos e ganhando destaque nos mais variados segmentos.

Os números não mentem. O TikTok afirmou em uma publicação oficial no final de setembro de 2021 que atingiu a marca de 1 bilhão de usuários em todo o mundo. Dados relativos ao número de usuários que acessam a plataforma mensalmente. Nada mal para quem começou há pouco mais de cinco anos e explodiu durante a pandemia. Recentemente, uma pesquisa publicada pela empresa de estatísticas App Annie constatou que usuários Android dessa plataforma estão consumindo mais conteúdo por mês que os de YouTube. Só nos EUA, usuários de TikTok consomem uma média de 24 horas de conteúdo por mês, contra 22 horas em média/mês de consumo dos usuários do Youtube (acredito que não seja diferente com usuários iOS). Independentemente do sistema operacional utilizado, na minha percepção, esse resultado deve estar incomodando a liderança do Youtube nas redes sociais, pois há pouco tempo a plataforma lançou o Youtube Shorts como resposta a esse formato de vídeos curtos que vem revolucionando as redes sociais. Só no Brasil, de acordo com um levantamento da empresa de pesquisa Global/WebIndex, já existem cerca de sete milhões de usuários cadastrados, que gastam cerca de uma hora por dia no TikTok.

Com esse crescimento meteórico, diversos meios de comunicação têm publicado inúmeras matérias sobre a plataforma. Algumas alertam sobre os riscos da falta de monitoramento dos pais, pela facilidade de acesso dos jovens a eventuais conteúdos “impróprios”. Apesar da idade mínima para cadastro ser de 13 anos, pesquisas recentes apontam que um número significativo na faixa entre 9 e 12 anos tem driblado essa regra e conseguido entrar na rede para cantar, fazer dancinhas, brincadeiras, piadas ou, até mesmo, mostrar seus bichos de estimação. Não cabe aqui fazer juízo de valor sobre se é certa ou errada essa atitude, mas sim de destacar a importância dos pais nesse processo, para que seus filhos possam se expressar de forma consciente, sabendo dos riscos de estarem em uma plataforma que tem de tudo e aceita praticamente tudo. Como toda e qualquer plataforma de rede social, existem alguns desafios que precisam ser entendidos e superados, pois esses vídeos, dependendo de quem os publique, podem exercer uma influência no comportamento de muitos jovens e estimulá-los a agirem de forma positiva ou negativa, dependendo do contexto.

Apesar dos riscos inerentes ao processo e desse grande desafio de entender e saber lidar com esse tipo de plataforma, não há como negar que o TikTok trouxe uma outra dinâmica de relacionamento, tanto pessoal como profissional. Ela traz em seu DNA uma proposta democrática e inclusiva, sem filtros e preconceitos. Seu alcance é baseado mais no conteúdo do que na rede de relacionamento e possui um poder de conectar pessoas de forma mais espontânea. Um estímulo à criatividade, sem barreiras e/ou filtros sociais.

Alguns segmentos já entenderam que a plataforma pode ser um belo investimento para alavancagem de negócios, além de fidelização de produtos e marcas. Por exemplo, de forma semelhante ao Instagram, vários “influencers”, ganham patrocínio para fazerem publicidade em seus vídeos e cada vez surgem novas oportunidades de monetização. A vantagem do TikTok é que um ilustre desconhecido pode sair do zero e alcançar milhares de seguidores em um espaço curto de tempo. Isso pode ocorrer porque a plataforma distribui de forma orgânica para pessoas desconhecidas e, caso o vídeo seja bom e consiga um bom engajamento inicial, ela alavancará mais e mais o conteúdo.

Acredito que essa seja mais uma reflexão importante que todos devam fazer sobre suas relações nas redes sociais, especialmente quando falamos em oportunidades de criarmos conexões, trocarmos experiências e estabelecermos negócios de forma mais espontânea e autêntica. É preciso ampliarmos o olhar nesse ambiente para as diversas faixas etárias, para além das dancinhas engraçadas e como forma de entendermos as novas dinâmicas de consumo e transformações comportamentais. Fica a dica (ou o toque).

*Consultor e Executivo de Marketing e Gestão

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