O Poder da Influência

Francisco Guarisa*

Diariamente somos impactados por ideias, ideologias, opiniões e atitudes diversas, que, em certa medida, acabam influenciando nosso modus vivendi. Todas elas, sejam convergentes ou divergentes, simples ou complexas, consciente ou inconscientemente, provocam repercussões marcantes na sociedade. Se olharmos através dos séculos, não há como negar que o mundo produziu historicamente uma série de influenciadores. Independentemente do segmento – político, religioso, filosófico, social etc., alguns até pagaram um alto preço para fazer valer suas ideias e deixar um legado à outras gerações. Na filosofia, por exemplo, até hoje encontramos pessoas que são influenciadas pelas ideias de Sócrates, Platão ou Aristóteles. Ao buscarmos na memória, lembraremos também de Einstein, Martin Luther King, Mahatma Gandhi, Nelson Mandela e tantos outros, dos mais variados segmentos, que ainda servem de inspiração para tantas pessoas ao redor do mundo.

Então, posso inferir que “influência” nada mais é do que o poder de convencimento de alguém para que possamos, voluntária ou involuntariamente, realizar alguma ação que seja de nossa conveniência e possua alguma relevância para nós. Porém, como se explica essa capacidade de algumas pessoas conseguirem influenciar outras e, até mesmo, um determinado ambiente ou segmento?

Em um contexto profissional, tradicionalmente o poder está baseado em um modelo hierárquico top-down. Contudo, com todas essas transformações ocorridas a partir da internet e a consequente hipercompetição, a habilidade de influenciar se mostrou extremamente importante dentro das organizações. Uma habilidade que se potencializou como forma de proporcionar uma troca mais colaborativa, fora dos modelos tradicionais de comunicação, assim como, auxiliar na busca por vantagem competitiva nas estratégias de marketing digital para o mercado. A capacidade de influenciar se tornou hoje uma habilidade relevante em todos os níveis, alcançando patamares ainda maiores de importância.

Mas, quem são essas pessoas ou grupos de influência que hoje exercem esse poder e funcionam como uma ponte entre marcas e usuários nas redes sociais, alterando hábitos e comportamentos?

Como parte dessa resposta, não posso deixar de lembrar de Philip Kotler, um dos gurus históricos do marketing, em seu livro Marketing 4.0, que em 2017 já alertava sobre como os quatro círculos de influência (fãs, família, amigos e seguidores) desempenham um papel importantíssimo e, algumas vezes, decisivos no processo de consumo de algum produto ou serviço. Mesmo com toda a conectividade existente e a diversidade de informações, Kotler coloca esses círculos sociais em um patamar de destaque e, indiretamente, mostra como podemos nos tornar dependentes da opinião dos outros, eventualmente acima de nossas preferências pessoais e massificações publicitárias. Ou seja, o poder de influência destes círculos pode ser muito maior do que qualquer influenciador digital “profissional”.

Com um olhar de marketing, acredito que a influência está fortemente baseada em uma relação de confiança aliada a uma possibilidade de forte engajamento. Ao confiar na experiência e/ou opinião de alguém, naturalmente podemos ser influenciados e funcionarmos como multiplicadores. E, no Brasil, isso se torna ainda mais fácil, pois, segundo pesquisas recentes o país é o mais impactado por influenciadores digitais. De acordo com a pesquisa de 2019 realizada pela Ibope Inteligência, “Brasil e os Influenciadores Digitais”, 52% dos internautas brasileiros seguem algum influenciador digital em suas redes sociais. Um fato que, de certa maneira, se contrapõe aos círculos de influência de Kotler, pois demonstra um nível de profissionalização e uma dimensão de valor que vai além das relações próximas e/ou pessoais.

O fato é que, o poder da influência é muito mais abrangente do que qualquer estratégia pessoal ou empresarial utilizando um influenciador digital. Precisamos entender que a vida é feita de escolhas e se não conseguirmos refletir ponderadamente sobre essas escolhas para tomarmos decisões melhores, tudo se tornará mais efêmero e superficial.

Nossas crenças, o que escrevemos e dizemos, entre outras coisas, impactam tanto na nossa vida como na de outras pessoas, seja agora ou no futuro. Por isso, sem querer influenciar, comece a exercer seu poder de influência em você.

 

*Consultor e Executivo de Marketing e Gestão