A inflação fora da meta e o Banco Central

Rodrigo Bethlem*

O Banco Central no Brasil se tornou independente, o que ao meu ver é bom.

Cabe a ele guardar o valor da nossa moeda e usar os recursos disponíveis para que a inflação não saia da meta .

Mas é importante que a sua diretoria seja responsabilizada quando a inflação sai de controle.

Independência não significa salvo conduto. Quando a inflação sai da meta, como neste ano, superando em mais de 100% a meta estabelecida, a diretoria do BC deveria ser toda destituída. Afinal de contas, autonomia tem que vir acompanhada de responsabilidade pelos atos praticados .

Erraram na condução da política monetária e principalmente na política cambial . Nesta última então, eu não consigo entender .

O Brasil tem aproximadamente 370 bilhões de dólares de reservas internacionais . Tem uma dívida interna que gira em torno de 1 trilhão de dólares .

Mesmo que houvesse uma enorme fuga de capital do país , dificilmente usaríamos toda esta nossa reserva .

Estas são aplicadas a juro zero em títulos americanos, enquanto nossa dívida interna custa mais de dez porcento ao ano. Por que então o BC não atuou no câmbio de forma mais agressiva, impedindo que o dólar permaneça tão alto, pressionado a inflação, principalmente do mais pobre?

Ainda reduziria a dívida interna, que hoje assusta o mercado, pelo seu tamanho e ritmo de crescimento. A redução da dívida interna, através da venda de dólares e recompra de títulos, ajudaria a reduzir as incertezas e a pressão sobre o dólar, que vem impactando a inflação.

Cabe ao Congresso pressionar e cobrar explicações da desastrosa atuação do Banco Central do Brasil. Aliás a legislação já deveria deixar claro as razões da destituição da diretoria. Nunca é tarde para agir.

*Ex-deputado e consultor político