Candidato a Verdugo

Candidato a Verdugo

Por Marcelo Conde*

Como carioca e empresário, vivo desde a infância a luta contra o esvaziamento econômico e político da cidade do Rio, decorrente da mudança da Capital e da Fusão. Acompanhei de perto a luta de alguns prefeitos para resolver o “imbróglio” criado pelos próprios federais, muitos deles instalações militares, o que gera atipicidade e interferências no dia a dia da Cidade, como o caso absolutamente incomum de dois Aeroportos, o Santos Dumont (SDU) e o Galeão (Antônio Carlos Jobim), em área tão próxima, ambos "Federais", junto a instalações militares. A tradição entre a Cidade e as Forças Armadas é de resolver essas situações atípicas com diálogo e bom senso.

Temos visto recentemente, por meses, uma batalha campal da sociedade Fluminense, através do Governador, Prefeito, Presidente do Legislativo Estadual (ALERJ), parlamentares, entidades de classe como: Associação Comercial, FIRJAN e FECOMÉRCIO, grupos de empresários, dentre eles o RIO VAMOS VENCER, e outras, contra o Edital de concessão do Santos Dumont, em conjunto ao de Jacarepaguá, bem como alguns pequenos de Minas Gerais (Montes Claros, Uberaba e Uberlândia), altamente deficitários, que serão subsidiados pelo SDU ou pelos dois, em resumo, pelos Fluminenses. Edital este que, além de permitir tamanho equívoco, incita a concorrência predatória entre o SDU e o Galeão , como se fossem rivais e não complementares, como sempre foram, propiciando de forma irresponsável gerar enormes perdas para a economia Carioca e Fluminense, e permitindo a transformação do SDU em um Aeroporto “alimentador da concorrência” predatória de aeroportos de outros Estados: Confins (MG), Guarulhos (SP), Brasília e Viracopos (SP), enfraquecendo a competitividade do GALEÃO e afetando, irreparavelmente, o turismo e a economia como um todo do Estado.

É omitido pelos dirigentes dos órgãos federais envolvidos que o Galeão foi criado em 1945, mais de 70 anos atrás, para resolver os problemas de segurança de vôo e espaço para manobras do Santos Dumont, com isso o SDU, ao longo de décadas, se transformou em um City Airport, como muitos outros no mundo.

O Ministro, técnico qualificado, subestima a inteligência da sociedade Fluminense e atenta contra o pacto Federativo. Ele, carioca, engenheiro de formação militar, funcionário público e, desde 2011, lá no Governo Federal, desde Dilma Roussef, foi diversas vezes nomeado para a hierarquia governamental. Uma de suas justificativas quanto à dificuldade do entendimento do tema “aeroportos do Rio”, onde o Governo é sócio, é que o governo Dilma vendeu caro demais a concessão (no caso o Galeão, em 2014) e “os concessionários que compraram, então que se virem!”, brada o ministro, como se não fosse dele a responsabilidade em trabalhar SEMPRE e em qualquer circunstância pelo funcionamento harmônico e eficiente da infraestrutura aeroportuária brasileira.

Com a mesma postura de se eximir de responsabilidades, omite que o aspecto de segurança para acesso aos mesmos recai no governo federal, sobretudo por ser circundado por rodovias Federais, as BRs. Portanto, é inaceitável que, como Pôncio Pilatos, ele pretenda lavar as mãos.

Vale lembrar que o ministro Tarcísio é, por ATRIBUIÇÃO LEGAL, o responsável pela manutenção, patrulhamento e segurança das rodovias federais e não os Estados. As obrigações Federais se mantêm e, na prática, ele não poderia esquecer da “boa fé objetiva“, deixando de cumprir as suas responsabilidades e usando de torpeza, quando alega a falta de segurança que ele como Ministro deveria prover. Essa negligência está evidente no grande atraso nas obras e concessões que impactam negativamente na infraestrutura e logística do que circunda o Galeão e a Cidade, com destaque para a conclusão da BR-493 (Arco Metropolitano) e a interconexão com as BR-116 , BR-101 e BR-040, todas obras vitais nesses corredores, que, quando terminados gerarão eficiência econômica, emprego e competitividade para o Estado.

Os Cariocas e Fluminenses exigem uma postura séria e respeitosa do Governo Federal e das autarquias que o integram. Não podemos admitir que audiências públicas e muitas reuniões com parlamentares, poder executivo e representantes da sociedade organizada não sirvam para nada.

Qual é a razão de tanto descaso? Não queremos acreditar que o possível interesse político do ministro Tarcísio, de se candidatar a governador de São Paulo, o leve a esse desprezo pelo RIO, correndo o risco de entrar para a História recente como o VERDUGO DO RIO.

Para mostrar que o interesse não é esse, o Ministro Tarcísio Freitas deveria se desculpar à população do Estado do Rio, pela incapacidade de concluir as obras Federais nas Rodovias: BR-040 , BR-493 e conexões e, mais importante ainda, no momento, suspender o Edital de leilão do SDU, para sua rediscussão. Isto é o mínimo que se espera do Ministro, em respeito a população do Estado dos seus conterrâneos.

*empresário