O Fantasma do terceiro mandato

O Fantasma do terceiro mandato

Por Rodrigo Bethlem*

Desde que começamos a votar para prefeito, dois nomes conseguiram a façanha de governar por três vezes o Rio. César Maia e Eduardo Paes. Este último cria do primeiro. César Maia fez um primeiro mandato exemplar, a ponto de eleger um urbanista desconhecido (Conde), e formar uma nova geração de políticos, como Índio da Costa, Eduardo Paes, Luiz Antônio Guaraná, entre outros, inclusive eu mesmo.

No seu segundo mandato, em que voltou porque foi derrotado pelo Garotinho nas eleições estaduais, já se via um César Maia diferente. Naquela gestão conseguiu trazer para o Rio os jogos Pan-Americanos, e com isso foi reeleito para sua terceira temporada à frente da prefeitura. Acabou mal avaliado, com a sua candidata à sucessão nos últimos lugares em 2008.

Agora, Eduardo Paes está no segundo ano do terceiro mandato. Foi eleito em função da memória que a população tinha dos seus dois governos anteriores, onde em função da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, a cidade recebeu uma ordem de recursos jamais vista na história. Atualizando os valores, estima-se que mais R$ 60 bilhões foram investidos no município entre recursos públicos e privados. Para se ter uma ideia isso é o dobro do que arrecada a prefeitura por ano, para dar conta de todos os seus compromissos financeiros, sendo mais ou menos a metade gasto só com pagamento de pessoal

Passado o tempo das “vacas gordas”, hoje há uma certa frustração do carioca com o outrora “competente prefeito” que fazia obras em todos os lugares. A cidade está com claros sinais de abandono, transporte colapsado, apesar de uma intervenção da prefeitura que já consumiu mais de R$ 100 milhões dos contribuintes. As unidades de Saúde estão quase todas com falta de médicos e enfermeiros. Verdadeiros heróis que trabalham sem os insumos necessários. A realidade dá um retrato inverso da expectativa do carioca. Parece que o atual prefeito se empolga mais com o posto de presidente do PSD, do que o de prefeito do Rio. Assim como César Maia, não estava em seus planos governar a cidade de novo. Não fosse derrotado para o governo do estado, não seria prefeito hoje.

O fato é que até agora ele só tentou consertar (sem sucesso) as obras mal feitas dos primeiros mandatos (BRT e ciclovia por exemplo). Nada de novo tem surgido no horizonte para os cariocas, vindo desta atual administração de Eduardo Paes. É o fantasma do terceiro mandato assombrando novamente os cariocas.

*Ex-deputado e consultor político