Por: Rodrigo Bethlem

Rodrigo Bethlem | O sobe e desce eleitoral tem explicação

"O mal do urubu é achar que o boi está morto”. A sabedoria popular nos dá algumas lições eleitorais. Vejam vocês que, no final do ano passado, alguns institutos de pesquisa apontavam 25 pontos de vantagem de Lula em cima do Bolsonaro.

No final da CPI da Covid, por exemplo, a imprensa não entoava um “já ganhou” pro ex-presidente, mas bradava um “já perdeu” pro atual.

Pois bem, iniciamos o mês com uma pesquisa mostrando que Bolsonaro já passou o Lula em São Paulo. Na esfera nacional, pela margem de erro, já parece evidente existir um empate técnico. Estamos falando de um abismo de 25 pontos em pouquíssimo tempo. Afinal, o que está acontecendo?

Com perdão da redundância, “o jogo só acaba quando termina”, diz outro ditado popular. E o movimento estratégico do governo foi “fazer o feijão com arroz bem feito”: elaborou um pacote de bondades e colocou dinheiro na mão do pobre com o Auxílio Brasil.

Cabe dizer que a medida foi muito semelhante ao que fizeram os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula. Esses projetos sociais sempre reverberam rápido.

Quem recebe, entende da seguinte forma: “eu estava sem dinheiro pra fazer compras e o governo colocou comida na minha mesa”. Pronto, mais um voto computado.

Como se não bastasse ter a máquina na mão, Bolsonaro tem outro ativo: o ódio da imprensa. Todo dia apanha no “paredão” da televisão. É o famoso “tiro no pé”, de tanto acusar acabam vitimizando o personagem e dando popularidade a ele.

Não foi isso que aconteceu no BBB? O tal do Arthur foi tão perseguido que acabou campeão.

Essa semana, por exemplo, o Lula teve uma importante vitória. A ONU considerou que o ex-juiz Sérgio Moro foi parcial na sentença que tirou o ex-presidente da disputa eleitoral de 2018 e o levou para a cadeia.

Vamos combinar? Isso tinha que ser espalhado aos quatro cantos pela Comunicação da esquerda. Mas, como cravar que Lula foi vítima de uma injustiça se a estratégia continua sendo falar para a própria bolha?

Nas redes sociais, Lula disse que só queria que a imprensa se retratasse. Por que tanta preocupação com o que pensa a imprensa? A esquerda ainda não percebeu que hoje em dia até os canais de televisão se renderam às redes sociais.

Quem tem discurso não precisa de intermediários, fala direto com o povo. E olha, é pesca de arrasto. Quem só fala pros seus não entende que o saldo de novos votos será sempre “zero à esquerda”.

O jogo está longe de ser definido, mas olhando o tabuleiro de fora dá pra dizer que a direita já está em campanha... E a esquerda ainda está ajustando o calibre e descobrindo a direção do vento, ainda não entrou na onda... digital. Todas as expectativas são para o confronto direto entre os dois nos debates. Essa é a especialidade do Lula. Cenas dos próximos capítulos que vamos acompanhando atentos por aqui.


*Ex-deputado e consultor político

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