General Marco Aurélio Vieira | Fatos teimosos

Por: General Marco Aurélio Vieira*

“... e por que tantos empreendedores financiam, às vezes até com entusiasmo, as forças intelectuais que destruirão a fonte de nossa liberdade e seu próprio sucesso?” - Milton Friedman


Segundo o escritor inglês George Orwell, existem ideias tão absurdas que somente um intelectual seria capaz de acreditar. Isso é constatado quando se analisa a recente história mundial, e se verifica como ideologias grotescas, regimes opressores e ditadores sanguinários foram defendidos, e até incensados, por pessoas de elevado nível intelectual, sempre em nome da “liberdade” ou da “democracia”.

Custa-nos acreditar, mas Jean-Paul Sartre voltou da Rússia, em 1954, declarando haver total liberdade de imprensa na União Soviética, e Gabriel Garcia Marques morreu defendendo Fidel Castro e seu regime.

Atualmente no Brasil, pessoas inteligentes e preparadas – intelectuais, artistas, acadêmicos – não só se negam a reconhecer os erros históricos das ideias marxistas, dos regimes comunistas, ou mesmo nacional socialisas, mas também se recusam a admitir os fatos que escancaram a atual realidade política brasileira, agravada pelos terríveis anos das esquerdas no governo do país.

Alguns fatos são herança histórica. O Brasil ainda é o quarto país mais corrupto do mundo, atrás apenas de Chade, Bolívia e Venezuela. Os brasileiros têm de trabalhar cinco meses só para pagar impostos, e não perdemos o 1° lugar no ranking mundial de mortes violentas, com uma média anual de mais de 60 mil assassinatos por ano, nos últimos dez anos.

Em termos de qualidade da educação e serviços de saúde, além dos mais de 10 milhões de desempregados, convivemos com cerca de 70 milhões de miseráveis, que o paternalismo dos governos de esquerda fingiu tirar da miséria, mas que permanecem pobres até hoje, apesar da falsa propaganda que já vem sendo utilizada na campanha eleitoral.

Outros fatos são vícios políticos. Temos o Congresso mais caro do mundo, com cerca de 2/3 de seus integrantes comprometidos com a Justiça; temos um Judiciário que já avançou perigosamente na seara dos outros
poderes, que já “interpretou” a Constituição visando seus próprios interesses, sem que houvesse a devida reação da sociedade, e que tem usado todos os artifícios legais para calar a liberdade de opinião nas redes sociais; temos Juízes da Suprema Corte que apoiam abertamente um ex-presidente candidato à presidência, em franco ativismo político, que acusam sem provas o Exército de interferência no processo eleitoral e vociferam contra o atual Presidente em eventos no exterior, chamando-o de inimigo.

Muitos desses fatos seriam impensáveis, em uma democracia. Temos um ex-presidiário candidato a presidência do Brasil. Condenado por nove juízes, ele ainda responde a seis processos, mas foi “descondenado” – não inocentado – em uma manobra jurídica questionável, por um juiz da suprema corte autodeclarado partidário de esquerda.

Este senhor ex-presidente não se abstém de seguidas declarações autoritárias, é partidário do cerceamento da liberdade de imprensa, e quando do final do seu mandato, levou do palácio de governo bens que não lhe pertenciam.

Hoje, viúvo de uma primeira-dama que nunca trabalhou, mas deixou uma herança milionária, várias vezes delatado por seus próprios correligionários por corrupção, tem filhos suspeitos de enriquecimento ilícito, e desfruta de milhões em propriedades e recursos de origem nebulosa.

Há fatos incômodos. Com a saída do PT do governo, diminuiu a corrupção, a ineficiência, a patrulha intelectual e o autoritarismo travestido de defesa da democracia, mas muitas dessas mazelas ainda predominam, nas universidades, nas escolas, no show business e na imprensa.

Todavia, uma ânsia do retorno ao poder e uma ojeriza desmedida à figura do Presidente parecem ter anestesiado o PT e seus simpatizantes quanto à realidade.

Sim, temos um Presidente de comportamentos pouco litúrgicos, de falas inusitadas para um chefe de Estado, e que costuma reagir de forma grosseira e explosiva quando atacado justa ou injustamente. Assim, nos últimos três anos, estabeleceu-se uma inédita criticocracia militante, que tem atuado para obstruir qualquer realização do governo, buscando minar a economia e a imagem do Brasil, difamando o país e o Presidente de forma sistemática, inclusive no exterior.

E a má vontade gratuita se escancara no silêncio sepulcral da mídia quanto ao extraordinário – e jamais realizado antes – trabalho social da primeira-dama. Mas, poucos consideram que a ele restaram precárias condições de governar, graças ao que lhe é imposto pelos demais poderes, ao boicote sistemático dos governadores e à indisfarçável tendenciosidade da imprensa.

Contudo, contrariando opiniões e vontades pessimistas, o governo tem obtido significativas realizações, dignas de um mínimo reconhecimento, em tempos de pandemias e guerras.

O PIB e a arrecadação apresentam sucessivos recordes, o desemprego caiu aos níveis menores das últimas décadas, a safra já alimenta um quinto da população mundial e a economia do país voltou a estar entre a dez maiores do mundo.

Não se trata de pautar a oposição: são fatos. E é pouco provável que pessoas desonestas quando no poder por mais de 20 anos, oligarcas de péssima reputação, ou políticos profissionais sem qualquer realização pelo país, passem a se comportar como estadistas, simplesmente por se apresentarem como alternativa de oposição ao Presidente.

Antigos guerrilheiros, ladrões condenados, partidos de fachada, jornalistas tendenciosos, ativistas radicais de discurso recheado de clichês, não deveriam sequer merecer a atenção de gente culta e inteligente. No entanto, artistas, intelectuais e mesmo o STF fingem desconhecer os fatos, argumentando que o Presidente é um genocida, denunciando manifestações simpáticas ao antigo regime militar como atentados à democracia, censurando jornalistas e parlamentares, e tratando como crime o clamor cidadão por transparência nas eleições.

A perda de privilégios, a cegueira ideológica, ou mesmo a má fé estão trabalhando contra o Brasil e ameaçando as nossas liberdades. É o que os fatos teimam em nos mostrar.

*Foi Comandante da Brigada de Operações Es- peciais e da Brigada de Infantaria Pára-quedista