O Rio de Janeiro acabou

Por José Koury*

Desde os anos 1970 escuto pessoas falarem que o Rio de Janeiro acabou. Que medo! Nos anos 1980 e 1990 fiquei mesmo preocupado. Cheguei a pensar em me mudar e concentrei grande parte dos meus negócios em São Paulo. Montei apartamento, escritório, tinha carro com motorista e passava boa parte da semana por lá. Mas o trânsito e a poluição eram tão ruins, a vida e as pessoas tão diferentes que resolvi ficar por aqui mesmo. O resultado da minha decisão foi ótimo, pois os pessimistas foram embora e, na década de 1990, vivi um grande “boom” imobiliário no Rio de Janeiro. A Barra da Tijuca, que era quase um areal, se tornou praticamente uma cidade independente, com a construção de milhares de apartamentos, escritórios, hotéis, agências de automóveis, hipermercados, vários condomínios com mansões maravilhosas e shoppings centers. Vi o crescimento da Barra e dos outros bairros na Zona Oeste e Zona Norte, que continuam a todo vapor até hoje. Como assim? O Rio não acabou? O Rio não acabou e não vai acabar. É uma cidade internacional como Nova York, Paris, Londres, Madri, Lisboa e outras.

Somos o segundo maior PIB do Brasil, além de também sermos o segundo maior consumidor dos produtos fabricados no país. Continuamos sendo um dos destinos mais desejados do planeta, segundo a lista de um dos maiores sites de viagem, o Booking.com. Também não deixamos de ser a caixa de ressonância do Brasil. O que acontece aqui reverbera e se transforma na imagem do país no exterior. O Rio é a primeira cidade no mundo a receber da Unesco o título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural e mais recentemente o de Primeira Capital Mundial da Arquitetura.

Ok, algumas empresas, fábricas, a Bolsa de Valores e muitos profissionais se foram. Ainda assim estão na cidade as sedes de duas das maiores empresas do país: Petrobras, líder mundial de exploração petrolífera em águas profundas e Vale, maior produtora mundial de minério de ferro. Fora as principais empresas de telefonia, Tim, OI e VIVO, dezenas de empresas de petróleo e gás, além da Coca-Cola, Peugeot Citröen, Pneus Michellin, Xerox, Previ, SulAmerica, Lojas Americanas, GlaxoSmithKline, Merk, Roche entre outras. Sem falar dos Estúdios Globo, o maior complexo de conteúdo da América Latina, produtor de novelas, séries, minisséries e programas de televisão exportados para o mundo inteiro. É no Rio que também acontece 20% da produção científica nacional, em suas universidades e institutos. Aqui temos os principais museus, universidades e bibliotecas do país e o teatro mais célebre, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

O que precisamos fazer é reinventar o Rio de Janeiro, sermos mais bairristas (porque não?), acreditar mais nas pessoas, investir mais por aqui e eleger governantes honestos, pois corrupção mata. Outro caminho é resgatar a dívida histórica do país com a cidade, que foi abandonada pelo governo federal, transformando o Rio em Segunda Capital do Brasil. A ideia, que não é nova e que existe em mais de 15 países, voltou com força num grupo de aplicativo de mensagens, formado por cerca de 200 grandes empresários do Rio de Janeiro, e vem ganhando corpo. Vale ressaltar que mais do que um resgate histórico daquela que é a cidade símbolo do Brasil no exterior, seria parte da solução dos problemas que o Rio enfrenta.

Outra coisa importante seria a criação de incentivos fiscais, a redução de impostos (nossos IPTUs e IPVAs são os mais altos do país) e o aumento da segurança para que as empresas e indústrias retornem. Junto a isso, estimular a criação de “startups” e os jovens a empreenderem na cidade em vez de, depois de formados, irem embora, ou procurarem empregos seguros.

Nunca é demais lembrar que Nova York enfrentou sérios problemas e que apenas um homem, o prefeito Rudolph Giuliani, mudou a cidade em somente 10 anos. Miami, na década de 1970, estava arruinada, com grandes problemas econômicos e alta criminalidade. Hoje é uma potência. Somos muitos, e este é um momento histórico para iniciarmos as mudanças. O Rio pode muito.

Jair Bolsonaro (Presidente da República), Paulo Guedes (Ministro da Economia), Tarcisio Gomes de Freitas ( Ministro da Infraestrutura ) Luiz Fux (Presidente do STF) Rodrigo Maia (Presidente da Câmara dos Deputados), Roberto Campos Neto (Presidente do Banco Central), Pedro Duarte Guimarães (Presidente da CEF), e tantos outros cariocas que amam esta cidade,  ou que escolheram o Rio de Janeiro para viver, e onde seus filhos e netos, com certeza viverão, precisam abraçar esta causa.    

*É empresário e fundador do Grupo Rio, Vamos Vencer