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Pandemia, legado e injustiça

Por Marco Antônio Cabral*

Diante da grave crise do sistema de saúde em função da pandemia, me emociono em ter sido testemunha da concepção de um projeto que impactou positivamente o Sistema Único de Saúde – SUS: a UPA-24h.

O ano era 1996. O então presidente da Alerj, disputava o 2º turno da Prefeitura do Rio com Luiz Paulo Conde. O jovem político, aos 33 anos, lançou em seu programa eleitoral a proposta de uma unidade de saúde que enfrentasse a angústia diária da população por atendimento médico.

A UPA-24h é a unidade intermediária entre o Posto de Saúde, que funciona de segunda a sexta-feira das 08:00 às 17:00, e a emergência dos hospitais.

Cabral tomou posse em janeiro de 2007 como governador do Rio. Em maio, inaugurava a 1ª UPA-24h do Rio e do Brasil no complexo de favelas da Maré. O impacto foi impressionante! Ao fim do 2º ano do governo Cabral, 2008, o Rio já tinha mais de 15 UPAs-24h, até 2014 foram construídas 50.

Lula, Presidente da República, conheceu as UPAs-24h e determinou sua expansão para todo Brasil. Em dezembro de 2009, Cabral foi convidado de honra de Lula e Dona Marisa, e do prefeito Luiz Marinho, para inauguração da 1ª UPA-24h fora do Rio de Janeiro, em São Bernardo do Campo.

Hoje, o estado do Rio de Janeiro tem 55 UPAs-24h e o Brasil centenas delas. Agora eu pergunto, como seria o enfrentamento da pandemia sem as UPAs24h?!

Mas Cabral não se restringiu às UPAs-24h. Os hospitais já existentes passaram por reformas que viabilizaram milhares de leitos de UTI, equipamentos de Imagem e emergências mais capacitadas. Procure saber como eram os hospitais Roberto Chabo em Araruama, Azevedo Lima em Niterói, Alberto Torres em São Gonçalo, Albert Schweitzer em Realengo, Getúlio Vargas na Penha, Adão Pereira Nunes em Saracuruna/Caxias, entre outros, e como ficaram após os 8 anos de Cabral à frente do Governo. De 2007 a 2014, esses grandes hospitais mais do que quadruplicaram o número de atendimentos à população.

O governador Sérgio Cabral inaugurou 6 novos hospitais, todos voltados para média e alta complexidade. Hospital da Mulher Heloneida Studart em São João de Meriti, Hospital da Mãe em Mesquita, Hospital da Criança no Valqueire, Hospital de Traumatologia e Ortopedia Dona Lindu em Paraíba do Sul, Hospital da Região dos Lagos em Bacaxá/Saquarema, e o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer no Centro do Rio.

Quando Cabral assumiu o governo, a rede estadual de saúde tinha pouco mais de 300 leitos de UTI. Em abril de 2014, quando Cabral deixou o governo, a rede estadual de saúde contava com mais de 2 mil leitos de UTI.

Cabral enfrentou a brutal e gigantesca carência do Serviço de Imagem da rede de saúde. O Rio Imagem, na Av. Presidente Vargas é a maior unidade pública de serviços de imagem do Brasil. Além dele, Cabral criou os serviços itinerantes de imagem, Tomógrafo Móvel, Ressonância Magnética Móvel, Mamógrafo Móvel.

Até o Governo Sérgio Cabral, os medicamentos especiais eram escassos e a população, mesmo recorrendo à justiça para obtê-los, não os tinha. Cabral criou a Rio Farmes, Farmácia Estadual de Medicamentos Especiais, na Cidade Nova. Durante seu governo, não houve uma crise sequer de desabastecimento dos medicamentos especiais, e os usuários passaram a ser tratados com dignidade para receber seus remédios com dia e hora marcados.

O Rio era lanterna no ranking dos estados para transplantes de órgãos. Cabral criou o Programa Estadual de Transplantes, na Gávea. Em abril de 2014, o Rio estava entre os 3 estados líderes de transplantes de órgãos no Brasil.

Os 92 municípios do Estado receberam cerca de 500 ambulâncias pelo governo Cabral. O PAHI – Programa de Apoio aos Hospitais do Interior, repassou aos municípios centenas de milhões de reais em recursos não obrigatórios para regularização e modernização das redes municipais de saúde.
Tudo isso sem falar nos helicópteros comprados para atender a Polícia Civil, Corpo de Bombeiro e o próprio Governo, e que hoje estão sendo usados para salvar vidas transportando milhares de vacinas rapidamente pelo Estado.

Meu pai está preso desde novembro de 2016, errou? Sim, errou e assumiu seus erros. Das quase 300 prisões preventivas da Operação Lava-Jato e suas franquias, o único que resta preso, em presídio, é o ex-governador Sérgio Cabral.

Reflito como filho e advogado, quantos homens públicos que não fizeram um centésimo do que Cabral fez pelo seu povo e que hoje desfrutam de patrimônio e negócios e que estão por aí.

Apesar de toda dor e sofrimento que eu e minha família passamos, nos conforta saber que diante da agonia, da dor e do sofrimento de milhões de brasileiros com a pandemia, o legado de meu pai na saúde faz parte da heroica estrutura do Sistema Único de Saúde brasileiro.

*Advogado e ex-deputado-federal

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