Guedes se tornou um grilhão

Por Rodrigo Bethlem*

Em artigo anterior, já falei sobre o equívoco cometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de manter o dólar num patamar tão alto como está. Beneficia, talvez, o agronegócio, mas não gera crescimento e tem criado uma carestia enorme na população, principalmente, entre os mais pobres, que são os mais afetados pela pandemia no momento.

Carne, arroz, combustíveis, já subiram, aproximadamente, 40%. São commodities. O dólar sobe e a tendência desses produtos é subir, também.

O mundo está em recessão. Não há demanda para vender mais produtos brasileiros. O país vive uma situação de estagflação, ou seja, não tem crescimento e a inflação é alta.

Nas considerações de hoje, vou além. O presidente Bolsonaro, durante a campanha de 2018, teve no Paulo Guedes uma espécie de fiador de que o Brasil teria uma política econômica moderna, com redução do tamanho do estado, redução dos gastos e, principalmente, respeito aos contratos vigentes e incentivo à iniciativa privada.

É fato que houve uma pandemia, no meio do caminho, mas, desde o início do atual governo, há dois anos e meio, o que se viu foi pouco avanço na redução do tamanho do estado e, consequentemente, nenhuma redução da carga tributária, além de uma politica macroeconômica extremamente equivocada, com pouco crédito ao setor produtivo e pouco apoio às empresas.

Enfim, do que se esperava do Paulo Guedes, pouca coisa, de fato, foi feita. Muito pelo contrário, há medidas macroeconômicas equivocadas, que têm gerado inflação e não têm melhorado o ambiente de negócios.

Para o estado do Rio de Janeiro, então, nem se fala. Apesar de o governador Cláudio Castro ser um aliado do presidente Bolsonaro, ainda não conseguiu assinar um novo acordo de recuperação fiscal, mesmo após a aprovação, seis meses atrás, da nova lei para os estados aderirem o programa de recuperação.

Com isso, mais de 600 milhões já foram tirados da conta do estado, para o pagamento de juros.
Paulo Guedes, que em 2018 foi um dos grandes fiadores de Bolsonaro, em 2022 pode se tornar um dos seus principais algozes, se nada diferente for feito.

O que define uma eleição é o bolso do eleitor. Principalmente, do mais pobre.

*Ex-deputado e consultor político