O empreendedor e o novo normal

Por Ana Senna e Richard Guedes*

A COVID-19 trouxe impacto direto na vida das pessoas em todo o mundo. Essas manifestações de mudança, muito maiores do que se podia imaginar, estabeleceram o novo normal. Por isso, muitas pesquisas e estudos estão sendo realizados buscando explicar o fenômeno no que tange às ciências econômicas, políticas, antropológicas, psicológicas e sociais. O mundo mudou e muito rápido.
       

A nova realidade das pessoas trouxe a necessidade de uma nova forma de operar os negócios. Diversos especialistas em gestão apontam que as mudanças já vinham ocorrendo, mas que a pandemia acelerou o processo fazendo com que tendências se transformassem na forma como os negócios devem acontecer.
        

O mundo digital se tornou, em alguns momentos o único lugar onde os negócios podiam acontecer. O consumidor precisava usar a internet para ter acesso a produtos e serviços necessários. Além disso, o tempo, mais de um ano de lockdowns ou restrições de fluxo, transformou as soluções virtuais em hábitos do cotidiano para a maioria da população. As organizações públicas e privadas precisaram repensar sua forma de operar e usar a criatividade para conseguir atender a seus “clientes”. Empresas convencionais tiveram que implantar ou ampliar suas soluções digitais para sobreviver. As soluções mobile foram muito relevantes. Do total das vendas/atendimentos virtuais o uso dos celulares respondeu por 55,1% (Ebit/Nielsen) em 2021. Muitas instituições públicas criaram soluções em aplicativos para celulares. Isso facilita muito a vida dos cidadãos e esse é um avanço relevante que já foi incorporado pelos indivíduos.
        

Hoje em dia existem muitas ferramentas tecnológicas capazes de trazer soluções para as diferentes atividades cotidianas na WEB. Os inúmeros tipos de soluções tecnológicas, entretanto, costuma confundir a maioria dos empreendedores que não são especialistas no assunto. A escolha da ferramenta certa é um ponto crítico para o sucesso do empreendimento no mundo digital. Com certeza, não basta comprar ferramentas de tecnologia. Para que os investimentos nos sistemas e ferramentas de TI tragam o retorno esperado o empreendedor precisa ter muito claro como o seu negócio vai funcionar virtualmente e como cada ferramenta se encaixa e produz valor para o cliente. Aqui não pode haver precipitação e improvisação.
        

A operação na WEB exige atenção e compromisso com os níveis de serviço esperados pelos clientes. Muitas empresas que só funcionam digitalmente possuem uma cadeia logística organizada de forma a até superar as expectativas. Esse alto padrão está na cabeça do consumidor que espera atingi-los em todas as operações virtuais que realiza com as diferentes empresas. As empresas na WEB só terão sucesso se suas operações forem confiáveis e seguras.
        

Muitas são as decisões a serem tomadas pelo empreendedor para funcionar no mundo virtual. Em primeiro lugar, como vai funcionar no mundo digital, quais os níveis de serviço que deverá estabelecer, como organizar seus processos internos, como irá simplificar e estabelecer as atividades críticas no mundo virtual, quais as ferramentas de TI que viabilizarão e facilitarão o funcionamento, quais serão os fornecedores dessas ferramentas, os contratos com eles, a metodologia de controle do funcionamento dos processos no dia a dia, qual o investimento financeiro que o negócio suporta - se vai precisar ou não de financiamento, quem serão os clientes, quais são suas expectativas, como vai falar com seus consumidores,  quais são as metas de vendas, preços, produtos, etc etc.
        

Dessa forma, repensar o negócio para funcionar no mundo virtual não é uma tarefa banal. Exige investimento de tempo e dedicação do empreendedor no entendimento do funcionamento, e de recursos financeiros para as melhorias necessárias. Para vencer nesse novo mundo o empreendedor deverá ser cada vez mais competente.

*Ana Senna é economista e Mentora Empresarial e Richard Guedes é Diretor Financeiro do Fórum 3C e CEO RGcont Finanças e Condomínios