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‘West Side Story’, incrível, aos 60

Por Ruy Castro*

''West Side Story”, o filme –no Brasil, “Amor Sublime Amor”–, vai fazer 60 anos. Estava em trabalho de parto nesta exata época do ano, em 1961, sendo rodado em Nova York e Hollywood, montado e mixado. Estreou em novembro e, um mês depois, chegou ao Rio, no cinema Vitória, na Cinelândia – dois meses antes de Londres, três antes de Paris, nove antes de Roma. Tínhamos prestígio.

O maestro Julio Medaglia me disse que, hoje, acha-o o maior musical do cinema, maior até que “Cantando na Chuva”. Não é absurdo, mas, em 1962, quando o mundo efetivamente se encantou com “West Side Story”, nenhum crítico importante teve essa opinião. O maior, então, era “Sinfonia de Paris” (1951). “Cantando na Chuva” estava fora das telas desde seu lançamento, em 1952, e só voltaria em 1975, quando a MGM o relançou. Muitos o viram ali pela primeira vez e, desde então, sua cotação disparou. Ninguém mais votou em “Sinfonia de Paris”. Mas “West Side Story” pode, sim, disputar o título.

O filme, dirigido por Robert Wise e Jerome Robbins, tem as maiores sequências de dança coletiva que conheço, principalmente “Cool”, aquela da garagem. As canções de Leonard Bernstein e do jovem Stephen Sondheim são extraordinárias e a serviço da ação –nenhuma tem função decorativa. Revi o filme há dias, numa edição restaurada de 2002, em DVD, e só lamento por quem nunca vibrou com ele numa tela de cinema, maior que a vida.
Wise e Robbins já morreram, assim como Natalie Wood, mas Richard Beymer (Tony), Russ Tamblyn (Riff), Rita Moreno (Anita) e George Chakiris (Bernardo) estão vivos e ativos. Eram também jovens e nunca mais fizeram nem sequer parecido.

E por que “West Side Story” se tornou aqui “Amor Sublime Amor”? Por causa da valsa-canção “Rosa”, de Pixinguinha e Otavio de Souza, de 1937: “Tu és/ A forma ideal/ Estátua magistral/ Oh, alma perenal/ Do meu primeiro amor/ Sublime amor”.

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