Uma equação histórica

Por Rodrigo Bethlem*

O leilão do dia de ontem foi talvez o fato mais importante ocorrido em décadas, no estado do Rio de Janeiro.  Pelo lado financeiro, os R$ 22 bilhões que serão distribuídos entre o estado e os municípios participantes trarão, além de um enorme alívio financeiro, uma considerável turbinada na economia, já que os recursos devem, na sua maioria, ser usados em investimentos. Ao longo da próxima década também serão investidos mais R$ 30 bilhões pelas concessionárias, gerando mais de 100 mil empregos e receitas para o estado.

Sob a ótica da qualidade de vida do cidadão fluminense, o ganho será extraordinário. A inoperância do poder público por décadas transformou rios e lagoas, além da Baía de Guanabara, em verdadeiras fossas de excrementos. A saúde, principalmente da população mais pobre, foi muito prejudicada, durante este longo período, sem saneamento adequado. A geosmina nos fez ver que tínhamos chegado ao limite na questão do saneamento.

O governador Cláudio Castro começa seu governo com o pé direito. Apesar de ser interino até ontem, conduziu esse processo com maestria, com uma equipe extremamente técnica, liderada pelo seu secretário Nicola Miccione. Certamente cariocas e fluminenses irão se lembrar do dia de ontem pelas próximas décadas.

Quis a vontade divina que o leilão, que representa o ponto de virada do estado do Rio, ocorresse no mesmo dia do impeachment do agora ex-governador Wilson Witzel. Deus sempre escreve certo, mesmo que por linhas tortas. Cláudio Castro começa um governo seu, saneado (em todos os sentidos), podendo, mesmo que em um curto espaço de tempo, deixar a sua marca e, principalmente, fazer com que nós, cidadãos, voltemos a ter respeito e esperança nos nossos dirigentes. O Rio, desde que deixou de ser a capital federal, vem perdendo. Talvez o dia de ontem tenha sido o ponto da virada. Não temos mais tempo a perder.

*Ex-deputado e consultor político