A vitrola de uma agulha só

Por Gutemberg de Paula Fonseca*

Quatro eventos marcaram o final de semana no Rio de Janeiro.

O primeiro foi o leilão de concessões da CEDAE. O governo do estado tinha a expectativa de arrecadar R$ 10,6 bilhões e conseguiu arrecadar R$ 22,6 bilhões. O sucesso da operação foi inquestionável. Mas esse não foi o evento mais importante.

O segundo acontecimento foi o julgamento final do impeachment do ex-governador Wilson Witzel, que gerou o terceiro evento - a posse definitiva do Vice-Governador Cláudio Castro na função que foi do ex-juiz Witzel e, antes dele - em um tempo que ainda está em nossa memória - dos políticos Garotinho, Rosinha, Pezão e Sérgio Cabral.

O quarto evento – esse sim, o mais importante – foi a presença do povo brasileiro nas ruas, com as cores da bandeira nacional para dizer que ele - o povo brasileiro - está no comando das ações políticas. O político que não reconhecer isso terá o mesmo destino dos ex-governadores do Rio, e de tantas outras lideranças políticas espalhadas em todo o Brasil.

É nesse ponto que faço um alerta, em nome da minha contribuição à eleição de 2018 - quando ajudei a levar Wilson Witzel e Cláudio Castro ao Palácio Laranjeiras. Eu digo ao governador Cláudio Castro: não durma sobre os louros do momento. Não pense que o resultado do leilão da CEDAE será um passaporte para a sua reeleição.

O povo, ao decidir as eleições de 2018 para o governo do estado e para a Presidência da República, deu um aviso: o aviso de um basta no modo como sempre se fez política no estado do Rio de Janeiro e em todo o Brasil .

As cores que estiveram nas ruas nesse final de semana - no dia do trabalho - são as cores do patriotismo. São cores de um desejo ardente de recuperação, do Brasil, de resgate dos valores conservadores e de um Estado enxuto e eficiente.

O dinheiro recebido pela venda das concessões da CEDAE deve ser aplicado em medidas de ampliação do mercado de trabalho e em políticas públicas essenciais, prejudicadas pela falta de recursos, como saúde, educação e, acima de tudo, segurança pública - sempre o nó górdio do desenvolvimento do estado.

Sem segurança nada é possível.

É obrigação do governador do estado multiplicar - e não apenas gastar - os 22,6 bilhões de reais recebidos pelas concessões.

É dele, e de sua equipe, a missão de encontrar meios e modos para que fazer dos recursos recebidos o alicerce de uma política econômica que revigore o estado, e que multiplique as oportunidades de renda e trabalho.

Será injustificável o leilão se o dinheiro arrecadado não for destinado à melhoraria da vida do povo fluminense.

Cabe ao governador Cláudio Castro provar que fez sentido sim, para o povo fluminense e, principalmente para ele, abrir mão da CEDAE.

Aguardemos, confiantes!

*Ex-árbitro de futebol e consultor político