Por Rodrigo Bethlem*
Vai parecer estranho, vindo de mim que sou, muitas vezes, crítico à atual gestão do município, mas defendo que o governador e o prefeito do Rio devem ter sempre um bom entendimento.
Governos não têm CPF. Governos têm CNPJ. As pessoas não querem abrir o jornal ou ligar a TV para ver os dirigentes, que foram eleitos para melhorar a vida da população, batendo boca, discutindo, brigando. Esse cenário não interessa a quem pega ônibus lotado todo dia, convive com esgoto na porta de casa ou é refém do tráfico e da milícia.
Sabemos que o bom entendimento entre os poderes municipal e estadual não significa ter um alinhamento automático e todos caminharem juntos num período eleitoral.
Não, mesmo. É claro que cada um pode ter sua ideia, sua ideologia, seus candidatos diferentes, mas enquanto governam, devem se entender para que a população tenha serviços de qualidade, pois, inevitavelmente, a transversalidade entre ações da prefeitura e do governo estadual é muito grande.
Imaginem como será resolver o caos em que se encontra hoje o transporte do Rio, principalmente, os BRTs, sem uma discussão mais ampla e metropolitana. Essa união dos poderes será muito necessária, por exemplo, quando o BRT da Transbrasil estiver funcionando, para que haja integração entre os ônibus intermunicipais e o transporte na cidade do Rio de Janeiro.
O exemplo mais bem sucedido de como o entendimento leva à prosperidade e qualidade de vida da população foi o recente leilão da CEDAE, quando prefeitos e governo sentaram à mesma mesa, se entenderam e todos ganharam, principalmente, a população que vai, finalmente, daqui a alguns anos, ter um serviço de distribuição de água e coleta de esgoto de qualidade.
*Ex-deputado federal e consultor político
