Bolsonaro e CBF: casamento escrito nas estrelas

Se há uma instituição que não piorou sob o governo de Bolsonaro foi a CBF. Ela sempre foi um antro de corruptos, degenerados e bandidos de toda espécie. Rogério Caboclo é o digno sucessor de uma linhagem de criminosos que exploram o futebol brasileiro desde a ditadura militar, iniciada pelo notório Havelange.

Na época da ditadura militar, o negócio era mais magro em termos de valores envolvidos e a grande jogada era a exploração política do futebol, sempre associada ao regime. Ficou famosa a frase de João Saldanha: “Onde a Arena vai mal, mais um time no Nacional”. Ou seja, quando o partido da ditadura (a Arena) perdia as eleições, o regime agradava a população incluindo seu time no campeonato brasileiro (que chegou a ter 120 clubes em 1979).

Posteriormente, os negócios envolvendo o futebol cresceram exponencialmente, passando a envolver centenas de milhões de reais por ano em um grande clube. Apenas a CBF faturou 957 milhões de reais no ano de 2019.

Toda esta montanha de dinheiro é administrada em estruturas amadoras, sem qualquer transparência ou fiscalização efetiva. O resultado são dirigentes que enriquecem com o desvio de recursos, corrupção e lavagem de dinheiro.

Ao contrário do que muitos imaginam, a CBF não é uma entidade vinculada ao governo. É totalmente autônoma, embora explore uma marca nacional, a seleção brasileira, e seja responsável por toda a organização do esporte mais popular do país. Agora a CBF tem um dirigente que, além de corrupto, é um bêbado contumaz e assediador sexual. Constrangeu os jogadores da Seleção no vestiário do jogo contra o Equador, na verdade, por estar visivelmente alcoolizado e buscar uma proximidade inexistente com o grupo, desesperado com a perspectiva de ser afastado do comando da entidade.

Nada mais natural na história da CBF que ele se agarre a outro corrupto e mau caráter para permanecer no poder. Agora, a seleção também será ideologizada pela extrema-direita. O técnico Tite virou “comunista” e os jogadores “mercenários”.

O único saldo positivo de toda esta história sórdida é que teremos, finalmente, uma desculpa para, após as eleições, intervir na CBF e iniciar uma tardia limpeza em nosso futebol.

*Advogado