A questão dos transportes precisa ser enfrentada

Por Rodrigo Bethlem*

O colapso dos transportes públicos, que estamos começando a presenciar mais notoriamente nos BRTs, mas que também atinge trens e metrô, mostra o quanto é fundamental uma ação de toda a sociedade para a recuperação do setor. A pandemia só acelerou o que já vinha mal, ou seja, todo o processo de degradação que o sistema de transporte já vinha operando.

A situação dos transportes chegou a um nível, absolutamente, insustentável.

Temas que sempre foram tratados de forma demagógica, principalmente pelos partidos de esquerda, precisam ser colocados na mesa e serem enfrentados pelo poder público.

Vejamos as questões da gratuidade. Efetivamente, quem paga passagem, hoje, no Rio de Janeiro, principalmente nos ônibus, são os mais pobres, que estão desempregados ou subempregados, e/ou as empresas que dão vale-transporte. Ninguém mais paga porque acaba se enquadrando em alguma gratuidade.

Considero um absurdo a forma como estes benefícios são dados para idosos e estudantes universitários.

Explico: será que todo idoso necessita ter gratuidade no transporte público? Será que o pensionista de um militar, por exemplo, que ganha por volta de 8 mil reais mensais, precisa usar o transporte sem pagar a passagem?

A grande questão que precisa ser entendida é: Não existe passagem grátis! Alguém paga por cada bilhete. Como o governo não dá subsídio ele é incluído no valor da tarifa. E, como já disse anteriormente, ou o mais pobre é quem acaba pagando o pato, ou o empregador que dá o vale-transporte, onerando o custo do funcionário e, consequentemente, interfere para o desemprego. Afinal, contratar alguém de carteira assinada fica muito caro.

Uma saída para tornar o serviço confortável, rápido e mais barato é fazer uma efetiva integração dos meios de transporte. Para isso, uma autoridade de transporte da Região Metropolitana deveria ser instituída para regular a atividade e fazer com que haja uma efetiva integração, com baldeação e bilhete para integrar ônibus que fizessem trajetos mais curtos e mais céleres.

Além disso, é fundamental a integração entre modais: ônibus alimentarem trens e metrô. O projeto, também, deve incluir a construção de uma rodoviária na Washington Luiz ou na Via Dutra, para a chegada dos ônibus vindos da Baixada e a partida de outros em direção ao centro do Rio.

Com esse novo modelo, certamente, o principal benefício seria a economicidade de tempo, dinheiro e de todos os modais.

Infelizmente este setor tão importante para a melhor qualidade de vida do cidadão, sempre foi contaminada pela demagogia ou pela corrupção, e as medidas corretas foram deixadas de lado. Agora a beira do colapso, o problema dos transportes terá que ser enfrentado .

*Ex-deputado e consultor político