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Será que a educação está no caminho certo?

Por Rodrigo Bethlem*

Nos últimos 20 anos,  aumentamos os nossos gastos com a Educação, leis foram aprovadas no Congresso e, ainda assim, o Brasil figura entre os piores níveis de educação do mundo.

Todos os países que deram certos como Japão, Coreia , que passaram por guerras e hoje são potências, são países que exportam tecnologias e investiram pesadamente em ensino de base, ou seja, alocaram a maioria dos seus recursos para a formação do cidadão da primeira infância até a adolescência.

Aqui no Brasil, invertemos essa lógica, gastamos mais dinheiro com Ensino Superior do que com Ensino Fundamental. E, nesse ponto, temos dados interessantes.

Desde março do ano passado, as universidades federais estão fechadas, apenas com ensino remoto. E mais: talvez seja a última das atividades a voltar a funcionar, como se o professor universitário tivesse mais riscos de pegar covid do que o motorista de ônibus, que transporta diariamente 200, 300 pessoas dentro de um BRT.

Vejamos o caso da UFRJ, que vem reclamando seguidamente de faltas de recursos, apesar de estar fechada desde março do ano passado. Quero dizer com isso que está gastando menos dinheiro em energia elétrica, água, telefone, limpeza e tantas outras despesas de custeio.

O orçamento para esse ano vai da ordem de 4 bilhões de reais. É óbvio que a universidade tem pesquisa, tem hospital, maternidade, mas façamos uma comparação simplória com a prefeitura de Niterói, que é a cidade com o segundo maior orçamento do estado, perdendo só pra capital, e tem, aproximadamente, 600 mil habitantes vivendo de seus serviços. 

A prefeitura de Niterói  deve ter o orçamento deste ano de, aproximadamente, 3 bilhões e 800 milhões de reais, ou seja, menor que o orçamento do UFRJ,  que atende, aproximadamente, menos de  20 mil alunos. Algo de errado tem aí!

O Brasil precisa olhar para o que deu certo e copiar sem nenhuma cerimônia.  Ver os casos do Japão, Coreia e tantos outros países que submergiram na guerra, renasceram fazendo um amplo investimento no ensino, mas aplicando recurso no local certo.  É isso o que nós precisamos.

Enquanto não tivermos coragem de enfrentar esse tema a sério, acabando, inclusive, com os privilégios que existem em camadas do ensino público, onde alguns professores ganham muito pouco e outros ganham muito, nós vamos estar sempre sendo o país do futuro e vendo esse futuro cada vez mais longe.

*Ex-deputado e consultor político

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