Planalto: sangue nas mãos e propina no bolso

Por Elika Takimoto*

A cada semana, a CPI da Covid-19 encontra um novo escândalo e constata crimes contra a população brasileira. Não é preciso dizer que nenhum de nós está surpreso com a capacidade que governo Bolsonaro tem de colocar a corrupção embaixo do tapete.

No entanto, vale dizer que nenhuma mentira tem a capacidade de se manter oculta para sempre. A prova disso é a divulgação da propina que o governo federal pediu para uma vendedora de vacinas. Isso mesmo, gente: enquanto pessoas morrem sem o imunizante, a gangue do presidente do Brasil faz comércio e enriquece através das vacinas que deveriam nos salvar. Em outras palavras, o Ministério da Saúde só fecharia contrato com a Davati Medical Supply, empresa que ofereceu 400 milhões de doses do imunizante Astrazeneca, se houvesse o pagamento de propina no valor de US$ 1 por dose.

Se vocês não entenderam ainda, eu explico de forma diferente. Em um jantar muito chique e caro, o diretor de Logística da Saúde, Roberto Ferreira Dias, disse para Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da companhia Davati Medical Supply, que para que as coisas pudessem avançar era preciso “compor o grupo’ – ou deveria dizer quadrilha? – que funcionava dentro do Ministério da Saúde.

Sim, gente, as pessoas estão enriquecendo com a morte do povo. E se você pensa que Bolsonaro se abalou com essa notícia, você está errado. Nenhuma declaração sobre o assunto, nenhuma nova mentira para se esquivar. Nada. O presidente do nosso (des)governado país tentou criar uma cortina de fumaça em suas redes se posicionando contra o voto impresso.

Parece piada que um dos sistemas de eleição mais seguro do mundo seja atacado dessa maneira, principalmente pelo presidente que foi eleito através do voto eletrônico.

E se é verdade que nada é tão ruim que não possa piorar, também descobrimos que o governo federal pagou cerca de R$ 286 mil reais para que apresentadores pudessem fazer elogios a Jair Bolsonaro. Que isso, Fera?! Pois é, eu não aumentei e nem inventei nada. E se você não conseguiu captar nas entrelinhas o nome dos apresentadores agraciados com mais esse crime, basta procurar por aí porque a lista é grande, até apresentadora e ex-mulher de cantor famoso tem.

Eu continuo aqui vendo toda essa situação, assistindo estarrecida ao cenário que o último processo eleitoral ajudou a criar. Dói ver as mortes de tantas pessoas sendo utilizadas para financiar quadrilhas de engravatados, enquanto nosso país sangra. Tomara que a gente tenha aprendido a lição; afinal, a omissão também tem seu preço.