“O que define uma eleição presidencial é a Economia, estúpido!”

Por Rodrigo Bethlem*

Essa frase foi dita, em 1992, por James Carville, estrategista do ex-presidente americano, Bill Clinton, candidato à reeleição, na época. Clinton venceu com larga margem, mesmo estando envolvido num escândalo sexual com a estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky, que levou à abertura de um processo de impeachment contra ele.
Apenas para relembrar o cenário, vale dizer que Clinton tornou-se o segundo presidente norte-americano a sofrer um processo de impeachment,  – o primeiro foi Richard Nixon em 1974.  Acabou sendo absolvido pelo Senado. Foi o terceiro mais novo presidente dos EUA.  Ao deixar o cargo, recebeu as mais altas taxas de aprovação para um presidente na história moderna dos Estados Unidos – 58% de imagem positiva.

Agora, vamos olhar para o Brasil. Muitos analistas e jornalistas erram quando acham que o bombardeio desta CPI da Covid, que passa dia e noite nas TVs, ou um suposto ataque à democracia feito pelo presidente Bolsonaro, estejam levando-o presidente a perder popularidade e o Lula avançar nas pesquisas.  Ratifico: é um erro crasso essa análise.

Quem tem causado essa diferença é, principalmente, a população mais pobre, onde o Lula tem liderado com larga margem em todo o Brasil. Afinal, as dificuldades econômicas, a carestia e a inflação têm sido muito altas nos últimos meses. Bolsonaro ainda lidera na classe média, dentre os que possuem renda maior, mas não podemos negar que quem realmente elege, quem faz a diferença nas urnas são os mais pobres, que representam a massa de eleitores no país.  E esses, realmente, têm passado por períodos de muitas dificuldades.

O dólar e as commodities estão em alta.  O dólar sempre caiu no Brasil quando as commodities sobem no mercado internacional, estimulado pelas exportações, mas não é o que está acontecendo. Os consumidores brasileiros estão tendo que arcar com o dólar mais alto, ao mesmo tempo em que os preços de produtos básicos da alimentação e da indústria também estão subindo no mercado internacional. Ou seja, o gás de cozinha, o arroz, o feijão, a carne, estão custando muito para o padrão de consumo dos trabalhadores mais pobres.

Como tenho dito: é exatamente aí que reside o problema do presidente Bolsonaro. Ele tem um ministro da Economia que não consegue ter essa visão de Brasil e, certamente, será seu grande empecilho numa possível reeleição.

Ainda a tempo de corrigir o rumo. Requer humildade e dedicação para a mudança . Reduzir o preço dos alimentos e investir em infra estrutura seria um bom começo .

*Ex-deputado e consultor político