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Aliança AUKUS tensiona região do Pacífico, mas reforça opção estratégica brasileira

Por Carlos Kwasinski*

A Austrália anunciou a interrupção de sua parceria com a França na construção de submarinos convencionais e a adoção de uma aliança com Estados Unidos e Inglaterra para a construção de oito novos submarinos movidos a propulsão nuclear.

A nova aliança, batizada de AUKUS - um acrônimo para as siglas de Austrália, United Kingdom e United States, pode causar um estrago nas relações entre aliados tradicionais no ocidente. O Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, considerou o acordo como um vínculo de longo prazo do Reino Unido com a situação na região do indo-pacífico, mas o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, classificou o ato como “uma facada pelas costas”. Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lijian Zhao, considerou o acordo como uma ameaça à região e um estímulo à corrida armamentista.

O anúncio da parceria entre os três países teve graves repercussões na França. O ministro Drian chamou para consultas os embaixadores na Austrália e nos Estados Unidos, declarando inaceitável a conduta adotada entre países que se dizem aliados, com consequências para a política na região do indo-pacífico. Em comunicado conjunto com o Ministro Drian, a Ministra da Defesa da França, Florence Parly, ressaltou que a decisão dos três países reforça a necessidade da autonomia estratégica da Europa.

Em nota o Naval Group se declarou desapontado com a decisão da Austrália de abandonar o programa de construção de submarinos, no valor estimado de cerca de 50 bilhões de euros, e pretende discutir as consequências dessa decisão nos próximos dias com o governo Australiano.

O Naval Group possui um programa semelhante com o Brasil, prevendo a construção de quatro submarinos de propulsão convencional e um de propulsão nuclear. Considerados dentre os submarinos convencionais mais modernos do mundo, o primeiro lançado ao mar para testes – “Riachuelo”, deve ser definitivamente entregue ao Comando da Força de Submarinos da Marinha em dezembro. O segundo, “Humaitá”, já foi também batizado e encontra-se em fase de testes de superfície. As próximas entregas previstas em contrato com o Naval Group são o “Tonelero” (S-42) em 2021, o “Angostura” (S-43) em 2022 e o “Álvaro Alberto” (SN-BR), que será o primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear, com previsão de lançamento em 2029.

A aquisição de submarinos de propulsão nuclear por um país militarmente não-nuclear como a Austrália em parceria com dois membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, reforça a posição do Brasil na consecução do PROSUB – Programa Brasileiro de Submarinos que contempla a utilização de submarinos na mesma linha: armamento convencional com propulsão nuclear.

*Editor do site contraterrorismo.com

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