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O industrial fluminense é competente, mas não competitivo

Sérgio Duarte*

O Rio de Janeiro despencou a no ranking de competitividade dos Estados, divulgado nesta quinta, 30/09, para a 17ª posição, atrás de todos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além de estados do Norte e Nordeste. No ranking, São Paulo segue como estado mais competitivo do país, seguido por Santa Catarina e Distrito Federal; Pará, Acre e Roraima ocupam as últimas posições

Essa perda de competitividade vem só demonstrar o que nós empresários temos sentido, que é a dificuldade de empreender e ser competitivo no Rio. Viemos sempre debatendo vários problemas, tentando trazer luz sobre esse tema. Não conseguimos ter um empresário competitivo em um Estado que tem a alíquota mais alta da Federação, um dos combustíveis mais altos, luz, água, gás, tudo mais caro. Enquanto nós tivermos essa dificuldade de competir, não tem como exigir a melhora desse ranking.

O Rio de Janeiro só vai continuar perdendo. É mais caro produzir aqui do que em qualquer outro estado da Federação. Sem falar em problemas de segurança, insegurança jurídica. Falamos do custo Brasil, que é o custo de empreender em nosso país em comparação com outros países, mas o empresário fluminense, além de carregar esse custo Brasil, que é tão reclamado, ainda tem o custo Rio de Janeiro.

Produzir no Rio é mais caro do que em qualquer outro lugar no Brasil. Essa queda mostra o que viemos alertando e discutindo. E vai cair mais, podemos ficar em último lugar no ranking. Queremos mudar essa realidade rápido e ter chances de competir.

O Rio de Janeiro perdeu quase 20% de seu parque industrial nos últimos cinco anos, o que representou o fechamento de mais de três mil fábricas e a consequente perda de 100 mil postos de trabalho. O impacto no emprego foi amplificado pelo fechamento de 160 médias e grandes indústrias. Se conseguíssemos atrair para o estado uma média ou grande indústria por mês, o que é um grande desafio em ambiente de pandemia, regime de recuperação fiscal e guerra fiscal entre estados, o Rio de Janeiro levaria mais de 13 anos para recuperar seu parque fabril. O desafio é grande, a caminhada é longa, mas a Rio Indústria vai atrás desse objetivo.

Mas nesse momento de calamidade, tão importante quanto atrair é garantir a permanência das indústrias aqui instaladas, através do aumento de sua competitividade para preservação do emprego e renda para a população e da atividade econômica e arrecadação para o estado. Recém divulgado, o relatório Doing Business Subnacional Brasil 2021 atestou que o estado do Rio de Janeiro possui a maior carga tributária do país para pequenas indústrias. A competitividade fluminense precisa ser revista em seus três pilares: custo de produção, ambiente de negócios e mercado consumidor, para o Rio de Janeiro retomar sua trajetória de desenvolvimento.

O lançamento do Ranking de Competitividade dos Estados do CLP (Centro de Liderança Pública), este ano traz novidades com novas camadas ESG e ODS. Na décima edição consecutiva, a avaliação das 27 unidades federativas foi ampliada de 73 para 86 indicadores, distribuídos em dez pilares temáticos considerados fundamentais para a promoção da competitividade e melhoria da gestão pública dos estados brasileiros: Infraestrutura, Sustentabilidade Social, Segurança Pública, Educação, Solidez Fiscal, Eficiência da Máquina Pública, Capital Humano, Sustentabilidade Ambiental, Potencial de Mercado e Inovação.

O Ranking dos Estados é realizado em parceria técnica com a Tendências Consultoria e a Seall, além do apoio de B3, Bank of America, CCR, Houer e Patri.

 

*Presidente Rio Indústria

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