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Um apelo ao pacifismo

Samuel Malafaia*

Como bom observador da política, com a experiência que meus quase quatro mandatos como deputado estadual me conferem, tendo convivido com diferentes correntes ideológicas que estiveram à frente desse nosso Estado do Rio de Janeiro, confesso estar temeroso pela campanha eleitoral que se avizinha. Há alguns sinais no horizonte, preocupantes, de que poderemos ter um pleito cercado de beligerância, algo que não faz e nunca fez bem à democracia tampouco ao exercício da política.

O Rio e o país precisam de paz. Os fluminenses, tão castigados por sucessivos governos que flertaram com a corrupção e com os desmandos, imploram, estou certo, para que tenhamos uma campanha eleitoral que passe ao largo dessas escaramuças que ameaçam turvar todo o processo. Posso até parecer ingênuo, mas sonho em ver as discordâncias políticas se aterem apenas aos discursos antagônicos e ao campo das ideias contrárias.

Infelizmente, estamos acompanhando movimentos e posturas que indicam justamente o contrário. Lideranças que deveriam zelar pelo apaziguamento parecem querer apagar fogo com gasolina. De Brasília, os sinais são terríveis, à medida que integrantes da mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF), sistematicamente vêm investindo contra outros poderes, tão importantes quanto o Judiciário na manutenção da ordem social, política e econômica do país.

No sentido de ser um torcedor contumaz da liberdade de expressão e de pensamento, e otimista que sou, ainda tenho esperanças de que esses ensaios de arbitrariedade e essas contendas sejam amainados com a proximidade das eleições do ano que vem. Temos ainda muitos e grandiosos desafios pela frente, uma pandemia e seus reflexos a superar, e não é hora de arroubos tomarem espaço de discussões e reflexões pacíficas. Muito mais producentes e muito mais pertinentes com o que as ruas esperam.

Não estou aqui querendo defender político A ou B, ou desfraldar bandeira para acolher eventuais transgressores da lei e do regime democrático de direito. É mais que isso. O que devemos todos é lutar para que haja uma aplicação justa e igualitária da lei. São conquistas da nação brasileira e para as quais devemos redobrar a atenção. A Constituição de 1988 é clara em assegurar ao povo o poder máximo de representatividade. Todos nós deveríamos ser zelosos cumpridores da vontade popular. Infelizmente, muitas vezes por vaidade, orgulho ou falta de humildade de líderes institucionais vemos o interesse comum de toda a sociedade ser posto de lado.

Não é esse o caminho que os cidadãos esperam que a classe política trilhe. Ao contrário, aguardam que integrantes das três esferas de poder tenham o compromisso com o desenvolvimento do país e a consequente melhoria da qualidade de vida do nosso povo, especialmente dos menos favorecidos. As eleições de 2022 serão uma boa ocasião para mostrarmos que o Brasil, definitivamente, vive uma era na qual as instituições estão acima dos homens que as ocupam. Não deixemos escapar essa oportunidade.

 

*Deputado estadual pelo DEM-RJ

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