Moraes pede vídeo e prorroga inquérito sobre live de Bolsonaro que ligou vacina a Aids

Por: Marcelo Rocha e José Marques

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou ao Google que forneça à Polícia Federal cópia de live realizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 21 de outubro do ano passado, em que ele fez falsa associação entre a vacinação contra a Covid e a Aids.

Na transmissão, via YouTube, o mandatário leu suposta notícia com alerta de que "vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]".

Datada desta quarta-feira (6), a decisão de Moraes foi tomada no inquérito aberto para apurar a conduta do chefe do Executivo sob a suspeita de crime de pandemia, infração de medida sanitária preventiva e incitação à prática de crime. O ministro prorrogou a investigação por 60 dias.

Médicos e cientistas afirmam que a associação entre o imunizante contra o coronavírus e a transmissão do HIV, o vírus da Aids, é falsa e inexistente. Segundo eles, o elo é absurdo.

A apuração da PF foi instaurada no início do mês passado e é conduzida pela delegada Lorena Lima Nascimento, que atua na Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores.

Na semana passada, a policial informou ao ministro que, entre as providências já adotadas no inquérito, o Google foi procurado com o objetivo de se obter informação quanto à manutenção do conteúdo da live nos servidores da empresa.

Segundo a delegada, após "consulta a fontes abertas", verificou-se que o YouTube e outras redes sociais retiraram o vídeo da transmissão de suas plataformas.

Em resposta, o Google informou à polícia que preservou o material e que poderia fornecer cópia tão logo recebesse autorização judicial nesse sentido.

Diante da sinalização e com o objetivo de se obter o vídeo diretamente da plataforma em que ficou armazenado, preservando, assim, sua toda a cadeia de informações desde sua criação, a delegada entendeu como necessário pedido formulado a Moraes.