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Para evitar protagonismo de Teich, Bolsonaro quer gestão compartilhada com militares

Por Talita Fernandes e Julia Chaib/ Folhapress

Incomodado com o protagonismo que Henrique Mandetta teve no início da crise do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu escalar militares para que a gestão da pandemia seja, a partir de agora, compartilhada.

A ideia é que Nelson Teich, que assumiu o Ministério da Saúde nesta sexta-feira (17), seja tutelado por um grupo de fardados.

Nesta sexta-feira, militares já começaram a levar nomes para o segundo escalão de Teich.

Ao chegar ao Palácio do Planalto, Bolsonaro teve sua primeira agenda do dia com os ministros Braga Netto, Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

No encontro, eles já trataram da transição, dos nomes que vão compor a pasta a e a política que será adotada daqui para frente como combate ao coronavírus.

Bolsonaro escalou o contra-almirante Flávio Rocha, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, vinculada à Presidência da República, para ser uma espécie de coordenador da transição.

Caberá a Rocha auxiliar na troca de comando da pasta num momento em que o Brasil já tem mais de 30 mil casos do novo coronavírus e ao menos 1.924 mortes, segundo dados da Saúde de quinta-feira (16).

De acordo com aliados do presidente, Rocha será um facilitador da transição.

Rocha fará a articulação da Saúde com os outros ministérios.

A argumentação usada por Bolsonaro para que os militares atuem diretamente é que Teich assume o ministério em meio à crise e não tem experiência em gestão pública e no governo.

Além disso, vêm defendendo que as ações governamentais extrapolam a Saúde e são coordenadas pela Casa Civil, comandada pelo general Walter Braga Netto.

Uma das reclamações de Bolsonaro e de ministros do governo é que Mandetta agia como se só a Saúde tivesse um papel no combate à pandemia, sendo que outras pastas também desenvolvem ações voltadas ao enfrentamento da doença.

Horas depois de demitir Mandetta e confirmar Teich como seu substituto, Bolsonaro afirmou na noite de quinta que o segundo escalão do ministério deve ser alterado.

Na entrada do Palácio da Alvorada, ele disse que todos os secretários serão trocados e que ele pretende indicar pessoalmente nomes para a nova equipe da pasta, que deve passar por um período de transição.

"Não estamos com pressa em demitir. Mas, obviamente, alguns nomes serão trocados com toda a certeza", disse. "Ele [novo ministro] logicamente vai nomear boas pessoas. Eu vou indicar algumas pessoas também. Já foram sugeridos nomes", afirmou.

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