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Bolsonaro ataca PT e diz estar se lixando para 2022

Katna Baran e Hygino Vasconcellos (Folhapress)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quarta-feira (7) em Chapecó (SC) que não está preocupado com as eleições de 2022, na qual deve disputar a reeleição, e voltou a criticar o PT ao defender medidas sem eficácia contra a Covid-19.

"Estou me lixando para 2022, vai ter uma pancada de candidatos", afirmou, ao ressaltar que não tomará medidas mais duras de isolamento social para conter a pandemia, como recomendado por autoridades.

"Seria muito mais fácil a gente ficar quieto, se acomodar, não tocar nesse assunto ou atender ao lockdown nacional. Não vai ter lockdown nacional. [...] O nosso exército não vai à rua para manter o povo dentro de casa. A liberdade não tem preço", continuou.

A declaração do presidente ocorre no momento em que tem como principal rival o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e em meio a uma articulação para 2022 que inclui líderes de centro, centro-esquerda e antigos apoiadores em 2018, como o governador paulista João Doria (PSDB).

A visita a Chapecó ocorreu para enaltecer o tratamento precoce contra a Covid-19 implantado pelo prefeito João Rodrigues (PSD).

O chefe do Executivo local tem utilizado informações distorcidas ao afirmar que a cidade está com os números da pandemia em queda e volume de internações por Covid-19 "próximo de zero". Ele atribuiu a redução à implantação de medidas como a indicação de "tratamento precoce" contra a doença, entre outras.

Em seu discurso na cidade, ao defender as decisões que tomou durante a pandemia, Bolsonaro questionou aos presentes como estaria o Brasil caso seu oponente no segundo turno das eleições de 2018, Fernando Haddad (PT), estivesse atualmente em seu lugar.

"Imaginem os senhores se aqui neste local estivesse o Haddad do PT? Como estaria o Brasil? Olhe outros países onde a esquerda fala mais alto, país aqui da América do Sul, como está a população lá. Cidade onde mais fechou no Brasil é onde mais morre gente por milhão de habitantes", declarou.

Bolsonaro citou a palavra "liberdade" em vários momentos para criticar medidas de contenção ao novo coronavírus e defender que médicos possam prescrever medicamentos sem eficácia contra a Covid-19.

"Quem abre mão de um milímetro de liberdade para ter segurança corre o risco no futuro de não ter segurança nem liberdade".

O presidente usou o mesmo tom para apoiar a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Kassio Nunes Marques, que no sábado (3) liberou templos e Igrejas a abrirem mesmo diante da situação crítica da pandemia no Brasil.

Ele disse esperar que os demais ministros referendem a decisão de Marques ou abram mais tempo para discutir a questão. O julgamento está marcado para ocorrer nesta quarta-feira.

"Qual é o último local que alguém procuram antes de praticar o suicídio que aumentou e muito no Brasil? São as Igrejas. Quem não é cristão que não vá, mas não queira tirar o direito à liberdade de quem quer procurar um pastor ou um padre", disse.

Ao atacar gestões anteriores do Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que, desde que assumiu o cargo, não há corrupção no governo. "É obrigação nossa, mas não era assim". Porém, ao contrário do que diz, interferências em série de Bolsonaro tem enfraquecido o combate à corrupção no país, como mostrou recente reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

O presidente afirmou que havia no Brasil uma "corrupção desenfreada" e distribuição de cargos em ministérios em troca de apoio político, o que, segundo ele, não ocorre em sua gestão. Porém foi justamente a pressão política do centrão que levou Bolsonaro a fazer diversas trocas ministeriais, como as que ocorreram no mês passado em seis pastas.

"O que mais matava no Brasil era a corrupção. Conseguimos formar um ministério técnico. Comparem os nossos ministros com os anteriores. Com todos os problemas que o Brasil vem atravessando, conseguimos fazer muita coisa, com menos dinheiro, com orçamento achatado, com teto para gastos. Se aparecer um problema de corrupção, a gente vai tomar providência, pode acontecer."

O presidente também citou a política que tem aplicado às estatais e a escolha de corte de verbas para a imprensa. Segundo ele, cerca de R$ 3 bilhões foram realocados para outras áreas.

"Se as estatais davam prejuízos de dezenas de bilhões de reais, hoje dão lucro de dezenas de bilhões de reais. Para onde iam essa diferença no passado? Não é fácil mudar isso aí", disse.

Bolsonaro reclamou ainda de ataques que recebeu diante do aumento de focos de incêndio na Amazônia e Pantanal no ano passado. De acordo com ele, as críticas, de forma geral, buscam desgastar seu governo e, diante desse cenário, a orientação para os ministérios é de manter "uma visão política maior" para além de sua própria função.

"Falei no passado que a vida de presidente não é boa. Não é boa para o presidente que quer fazer a coisa certa. Se quer fazer a coisa errada, parece que é mais fácil para o Brasil, mas estamos mudando isso aí."

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