Omar Aziz vê gravidade em caso da Covaxin

Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou nesta quarta (23) que as denúncias de pressão para a liberação da importação da vacina Covaxin e a possibilidade de que o presidente Jair Bolsonaro tinha conhecimento da situação talvez seja a denúncia mais grave recebida pela comissão.

Omar Aziz também disse que é "preocupante", se o chefe do Executivo tomou conhecimento da denúncia e não pediu a abertura de investigação. O presidente da CPI disse que vai questionar se a PF abriu investigação.

A Covaxin entrou no radar da CPI, que suspeita de favorecimento do governo federal para a imunização e corrupção. A vacina é a mais cara de todas as adquiridas pelo Brasil, ao custo de R$ 80 a dose.

Os senadores também apontam que o contrato de R$ 1,6 bilhão foi fechado em tempo recorde, principalmente se comparado com a lentidão na negociação com a Pfizer e com o Instituto Butantan.

Omar Aziz afirmou que a comissão precisa tomar muito cuidado durante a apuração.

Disse ao jornalistas que ouviu uma "versão" dos fatos, por via do deputado Luís Miranda, e que a comissão agora vai aos fatos. No entanto, disse que a situação representa talvez a informação mais impactante que a comissão teve contato desde o início das atividades.

"Temos que ter muito cuidado porque talvez tenha sido a denúncia mais grave que a CPI recebeu. Por isso que eu preciso ter muita cautela, muita paciência e não passar a carroça na frente dos bois", afirmou o presidente da comissão.

O presidente da CPI também afirmou que a comissão pretende apurar a fala do deputado Luís Miranda, de que pode ter havido pagamentos de propina nas negociações do contrato para a compra da Covaxin, negociado pelo Ministério com uma empresa intermediária, a brasileira Precisa Medicamentos.

A comissão já investiga um possível favorecimento à empresa. "Se tudo aquilo que ele [deputado Luis Miranda] disse for verdade ou parte for verdade, são gravíssimas as acusações, inclusive sobre a questão do pixuleco. O Pazuello, no dia que estava saindo, ele fala por que foi demitido. Ele disse que ele foi demitido, que o Pazuello foi demitido porque não aceitava corrupção", disse o senador.

Aziz também disse que solicitou ao delegado da Polícia Federal cedido para a comissão que solicite aos diretores da corporação informações sobre eventual abertura de inquérito para apurar as denúncias que teriam sido levadas ao presidente.

"Eu pedi uma informação do diretor-geral da Polícia Federal se houve o pedido para investigar a compra da Covaxin. Se o presidente ligou para o diretor-geral da Polícia Federal e disse 'ó, tem uma denúncia aqui feita pelo deputado Luís Miranda e pelo irmão dele e a gente quer saber se realmente tocaram essa investigação", afirmou.

"É uma coisa natural. O presidente, se foi comunicado e tomou providência, ótimo. Se não tomou providências, é preocupante", completou.

O servidor Luís Ricardo Miranda e seu irmão, o deputado Luís Miranda, vão prestar depoimento na CPI da Covid na tarde desta sexta (25). Os requerimentos de convite foram aprovados em sessão nesta quarta (23).

Na mesma sessão, os senadores também aprovaram a convocação do tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-coordenador de Logística de Insumos Estratégicos em Saúde e homem de confiança do ex-ministro Eduardo Pazuello.