Crivella faz as pazes com o samba

Por Marcio Corrêa

O prefeito Marcelo Crivella assinou sexta-feira (4) um cheque simbólico no valor de R$ 3 milhões para as escolas de samba que desfilam na Avenida Intendente Magalhães, em Madureira, investirem no carnaval do próximo ano. Segundo Crivella, o gesto pretende lembrar a popularidade da festa e da sua importância para a felicidade do Rio.

- Esse é o carnaval do povo. Nos momentos mais difíceis, nas nossas controvérsias mais dolorosas e nas tragédias mais agudas, o carnaval é uma maneira que a gente tem de superar e esquecer tudo que está nos agoniando. É quando a gente vai para a avenida dizer ao mundo que somos mais fortes do que as nossas crises. - disse ele, em meio a inúmeros passistas e instrumentistas de várias escolas dos grupos B, C e D, que fazem a festa na Intendente. - Quem não gosta de samba não é brasileiro.

A surpresa ficou por conta dos versos cantados pelo prefeito, que puxou do fundo do baú o inesquecível samba-enredo “Pega no ganzê”, do Salgueiro, de 1971:

- Esta noite ninguém chora / E ninguém pode chorar / Que beleza / A nobreza que visita (o gongá) / Ô lê lê, ô lá lá / Pega no ganzê / Pega no ganzá - puxou o prefeito, que é bispo e cantor de músicas religiosas.

O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil (Liesb), Clayton Ferreira, recebeu o cheque do prefeito:

- Em nome das 57 escolas que desfilam na Av Intendente Magalhães, a Liesb quer agradecer ao prefeito Crivella.

De acordo com a Riotur, os R$ 3 milhões serão pagos em três parcelas, previstas para outubro, novembro e dezembro.

A Liesb é responsável pelos desfiles das séries B, C e D do carnaval carioca, que saem na Av Intendente Magalhães e não cobram ingressos do público.

Em 2020, o Carnaval da Liesb terá em dois grupos, com 26 desfiles na Segunda e na Terça-feira de Carnaval, além do Grupo de Acesso da Intendente, com por 11 escolas que vão desfilar no Domingo de Carnaval.

Crivella também fez uma “brincadeira” com os representantes da escola. Depois de posar com todos, alertou:

- É bom lembrar que quem bateu foto com o prefeito não pode mais falar mal do prefeito.

Todos os presentes riram, claro, mas a verdade é que o relacionamento de Crivella com a turma do samba carioca sempre foi meio delicado. 

Basta dizer que, nessa mesma festa que contemplou as escolas menores (mas não menos apaixonantes), o prefeito confirmou que as grandes escolas, aquelas que concorrem pelo Grupo Especial, na Marquês de Sapucaí, não vão receber qualquer espécie de ajuda da prefeitura para o desfile do ano que vem.

Segundo Crivella, a prefeitura pretende investir apenas em eventos que não cobrem ingressos do público - que está longe de ser o caso da Sapucaí:

- Nós temos que investir nas festas que são abertas para todos. Por exemplo, o Réveillon. Agora, quando tem ingresso, pode ser um jogo de futebol, um espetáculo no teatro ou o desfile das escolas do primeiro grupo, que tem venda de ingresso, não cabe o recurso público. Porque ali existe geração de recursos.