Tragédia deixa dezenas de mortos em Petrópolis. Prefeitura decretou estado de calamidade

Por: Thaciana Ferrante, Coordenadora de jornalismo da TVC Correio da Manhã

Corpos espalhados por diversas localidades de Petrópolis. Rios cheios. As ruas tiveram o asfalto arrancado e ficaram cobertas de lama e destroços. Após o nível da água baixar no Centro Histórico correria. Militares de exército cir- culavam para dar suporte as vítimas, corroborando ainda mais as imagens de destruição completa.

Como se não bastasse, centenas de pessoas tentavam escapar da ação de bandidos que aproveitaram a situação calamitosa para realizar arrastões. O cenário era de puro terror! Há muitos anos não se via nada igual em Petrópolis. Aos que lembram, o caos se assemelhou a tragédia de 1988.

Outros episódios dramáticos em 2011, no Vale do Cuiabá e em 2013 nas localidades Espírito Santo e Independência já tinham sido registrados na cidade, mas nada como o que vi ontem (15), em pelo centro.

Crianças, idosos, homens e mulheres estão desaparecidos. Estima-se que existam dezenas de mortos. Em pouco mais de três horas Petrópolis 258 mm no acumulado de chuva.

Para se ter uma ideia em 30 dias a cidade havia registrado este ano 271,6 mm. Até às 23h30, a Defesa Civil Estadual (Sedec-RJ), e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) tinham confirmado pelo menos 18 mortes óbitos em decorrência de deslizamentos e alagamentos. Cenas de um verdadeiro filme de terror, com flagrantes inimagináveis.

Houve ainda relatos de bandidos que furtaram os pertences das vítimas fatais.

A região do Alto da Serra, mais afetada com o temporal e que registrou um grande deslizamento de terra que atingiu várias casas, ainda estava sem acesso no início da madrugada. Nem mesmo os órgãos oficias da cidade conseguiram informar a população sobre o tamanho do estrago.

O Setranspetro, sindicato das empresas de ônibus de Petrópolis, às 22h ainda não tinha informações aos coletivos que estavam nas ruas. Mas a população encontrou ao menos dois deles, da viação Petroita, dentro do rio, indicando a possibilidade de ainda mais mor- tos. Os veículos foram vencidos pela correnteza, assim como todos que estavam dentro.

A tragédia ocorreu na altura da Rua Washington Luis, no Centro, que teve metade de via arrastada pela força da água. Nas redes sociais inúmeros pedidos de socorro e cartazes sobre desaparecidos. Impossível esquecer as ima- gens de terror, pedidos de ajuda e relatos de grande agonia.

A quarta-feira (16) será marcada pela dor dos que perderam parentes, amigos e conhecidos. Pelos empresários que se reerguiam de uma grande crise financeira, provocada pela covid-19, e agora contabilizarão ainda mais prejuízos.

A Rua Dezesseis de Março, um dos principais polos de moda da cidade, ficou submersa.

Dezenas de lojistas perderam quase tudo. O dia será de luta, contabilização dos prejuízos e solidariedade. Sim, muitas pessoas ficaram desalojadas e desabrigadas e agora precisam de ajuda.