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Cidade de Deus: entre máscaras e armas

O tráfico carioca, mais especificamente na Cidade de Deus, zona Oeste da cidade, anda protegido. Se os meliantes utilizavam máscaras para não serem identificados antes da pandemia, atualmente eles usam para se proteger de um inimigo invisível: o coronavírus. Mas quem disse que o crime organizado e o seu mundo clandestino iriam cessar? Existe quarentena para uma das maiores facções da cidade do Rio?

Repleto de barricadas, as ruas da Cidade de Deus, que inclusive levam nomes bíblicos, estão à mercê da droga e da violência. Uma triste realidade para os moradores da comunidade. A cada esquina, pelo menos duas bocas de fumo coordenadas por jovens. Para entrar nessas ruas de carro, é obrigatório que o motorista abra todas as janelas, ligue o alerta e o painel do veículo. Estreitas, as vias abrigam inúmeros comércios como mercadinhos, lojas de informática e de bijuterias. Frequentemente, percebe-se motoqueiros altamente armados “desfilando” com seus fuzis camuflados entre os moradores.

Segundo um morador que não quis se identificar, a rotina imposta pelo Comando Vermelho (CV), facção que domina a comunidade, é de ostentação e de respeito. Respeito somente aos que são da Cidade de Deus. Logo, é totalmente proibido furtos ou roubos dentro do bairro. Para quem tentar a sorte e for pego por algum traficante, o seu destino não será bom. Na Cidade de Deus, tem leis e fins que são obrigatoriamente peculiares. Existe na comunidade um local pantanoso, temido pelos moradores e até para os de fora. Nesse local, de acordo com fontes, são criados dois jacarés e um grupo de porcos. O motivo? Para servir de desova humana. Além dos que roubam dentro da região, são punidos os chamados X-9, ou seja, aquele indivíduo que conta planos e ações do CV para terceiros ou até mesmo para a polícia.

O mais espantoso fato da Cidade de Deus é saber que muitos jovens, e até mesmo adolescentes e crianças estão ingressando para o mundo do crime. Alguns jovens que aparentavam ter entre 16 a 20 anos costumam ficar reunidos em um ponto crucial da região. E é nesse ponto que foi visto mais máscaras e armas a cada metro quadrado.

“Conscientes”, os traficantes alertam aos moradores em cartazes e banners sobre a importância de ficar em casa. Pelo visto, os policiais não são as únicas ameaças. Existe algo à prova de balas, e não é o caveirão. O crime segue a todo vapor na comunidade, levando cativo inúmeras pessoas que acham que estão libertas.

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