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PSL descola de Witzel de olho na presidência

Por Catia Seabra (Folhapress)

Reunida sexta-feira (27) com Flávio Bolsonaro, senador e presidente do PSL no Rio, a bancada do partido no estado decidiu deixar a base da gestão Wilson Witzel (PSC). No entanto, delega a seus filiados a possibilidade de decidir se mantêm ou não seus indicados nos cargos do governo. Atualmente, indicados do PSL ocupam 40 cargos na administração estadual, incluindo duas secretarias. 

Flávio chegara a determinar a saída total do governo Witzel, sob pena de expulsão dos que permanecessem nos cargos. Entretanto, preferiu rever a posição. Na quinta-feira (26), em entrevista a Cristiano Santos, no Programa Isabele Benito, da rádio Tupi, ele fez duras críticas a Witzel e explicou o que o levaria, então, a retirar o partido da base do governo do Rio:

- Há algum tempo o governador Witzel vem dando passos para um projeto político diferente daquele que construímos juntos na campanha e no início deste ano. Ele está se colocando como um concorrente do atual presidente Bolsonaro, que, certamente, tentará a reeleição em 2022. E eu, como presidente do PSL, tive que tomar uma atitude.

Líder do PSL na Assembleia Legislativa do Rio, Dr. Serginho afirma que a sigla exercia um alinhamento natural com a gestão Witzel. A partir de agora, não integra mais a bancada do governo. Segundo ele, a “escolha de Witzel por antecipar o pleito de 2022 [pela Presidência da República], em desacordo com o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, fez o PSL deixar sua base”.

Pesou também no afastamento entre as partes a nomeação de Natália Menescal Braga Itabaiana Nicolau para a Secretaria da Casa Civil de Witzel. A indicação ocorreu 12 dias antes de o pai da advogada, o juiz Flávio Itabaiana Nicolau, determinar a quebra do sigilo bancário e fiscal de Flávio e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

Na primeira versão do Diário Oficial, o nome de Natália foi publicado incompleto, sem o sobrenome “Itabaiana Nicolau” - o que alimentou a desconfiança sobre o governador. A retificação aconteceu em 12 de agosto, enquanto a nomeação é de 12 de abril, com data retroativa a dia 1º, quando Natália teria começado a trabalhar no gabinete da Casa Civil. 

A quebra do sigilo de Flávio foi no dia 24. Na Justiça, a medida havia sido distribuída eletronicamente para a 27ª Vara Criminal, onde Flávio Itabaiana Nicolau é titular, em 15 de abril.

“Em suma, antes de 15 de abril de 2019 eu ainda não era o juiz da causa”, afirma Itabaiana. Citando a lei, ele afirma que basta ler o Código do Processo Civil para verificar que não está impedido nem suspeito de atuar no processo de Flávio Bolsonaro pelo fato de a filha estar trabalhando para o governo do estado.

“Sou juiz da área criminal e não de Fazenda Pública. Em tempo: prolatei a decisão de quebra dos sigilos bancário e fiscal no processo de Flávio Bolsonaro em 24 de abril de 2019, o que se deu após exaustiva leitura dos autos da medida cautelar”, afirma Itabaiana Nicolau.

No Palácio Guanabara, cogitou-se até a exoneração da advogada quando chegou a informação de que o pai assumiria o caso. Mas a ideia foi descartada depois.

O governo do Rio ressalta que “a nomeação da advogada ocorreu 15 dias antes da distribuição eletrônica do processo de Flávio Bolsonaro” ao juízo “onde atua o pai da servidora”.

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