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Mais de 41 milhões de brasileiros estavam obesos em 2019

O Brasil encerrou o ano de 2019 com mais de um quarto de sua população adulta na obesidade, informou nesta quarta-feira (21) estudo publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No total, 41,2 milhões de brasileiros, ou 25,9% das pessoas acima de 18 anos, eram considerados obesos.

A enfermidade atingia 29,5% das mulheres (25 milhões) e 21,8% dos homens (16,2 milhões) adultos do país.

Os números apontam um crescimento desde o último levantamento, feito em 2013, quando a pesquisa apontava 25,7% das mulheres e 17,9% dos homens acima de 20 anos. Na mesma base de comparação, a edição 2019 do estudo mostrou 30,2% de obesas e 22,8% de obesos.

Segundo o IBGE, o grupo etário dessa série histórica é esse para possibilitar a comparação com as edições anteriores da pesquisa. Entre 2003 e 2019, a proporção de obesos na população com 20 anos ou mais dobrou, indo de 12,2% a 26,8%.

A pesquisa ainda indicou que a maior prevalência de obesos acontece na população dos 40 aos 59 anos, chegando a 34,4%. Os acima do peso representam 70,3% do país nessa faixa etária.

Enquanto isso, o excesso de peso afetou 60,3% da população maior de idade em 2019. Isso representam 96 milhões de brasileiros, sendo 62,6% das mulheres e 57,5% dos homens.

A prevalência de excesso de peso e a obesidade têm crescido de forma preocupante no mundo todo, mas, principalmente, em países de renda baixa ou média, como o Brasil, destacou o IBGE no estudo.

Em meio aos adolescentes brasileiros, o estado nutricional mostra uma proporção menor de obesos do que nos adultos. Entre aqueles de 15 a 17 anos, 19,4% estavam acima do peso e 6,7% obesos. Esse dado corresponde a 1,8 milhão de brasileiros na obesidade.

Assim como aconteceu com os adultos, a maior incidência também foi nas adolescentes mulheres, com 8% delas sendo consideradas obesas contra 5,4% dos homens.

Por outro lado, o déficit de peso em adultos foi de 1,6% da população, o que deixa o índice bem abaixo dos 5% estipulados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como indicativo de exposição à desnutrição.

Para considerar as pessoas obesas ou acima do peso, o IBGE se baseou nas recomendações da OMS da relação entre o peso e altura dos indivíduos para o cálculo do índice de massa corporal (IMC), que é o peso em quilograma dividido pelo quadrado da altura em metro.

Aqueles que estão com déficit de peso têm o IMC abaixo de 18,5 kg/m². Os obesos, acima de 30 kg/m², e os que estão com excesso de peso, computam mais que 25 kg/m².

No mês passado, um estudo avaliou como o sobrepeso e a obesidade são fatores de maior risco para gravidade e morte por Covid-19, levando à internação hospitalar e até morte, independentemente da idade, sexo e comorbidades.

Os dados foram publicados por pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Bauru (USP Bauru) e da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu na revista especializada Obesity Research and Clinical Practice no início do mês de setembro.

Os fatores da obesidade que estão associados a esse risco são uma inflamação crônica baixa do organismo, a baixa produção de interferons -proteínas que impedem a replicação viral-, atividade reduzida de células de defesa, como macrófagos -responsáveis por eliminar as células infectadas-, células B -responsáveis pela produção de anticorpos neutralizantes- e linfócitos T -resposta imune celular.

Também são fatores a maior carga viral do Sars-CoV-2 nestes indivíduos -o vírus parece se aproveitar do acúmulo de tecido adiposo como reservatório- e ainda a associação frequente de diabetes do tipo 2 com obesidade, causando um déficit ainda maior no sistema imunológico.

Dados do Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis), do Ministério da Saúde, de 2019 apontam que 20,3% da população brasileira adulta era obesa (índice de massa corpórea ou IMC igual ou acima de 30).

Já a porcentagem da população adulta com excesso de peso (IMC igual ou maior de 25, incluindo casos de obesidade) era de 55,4%. Embora já apresentasse aumento desde 2006, esse índice estava estagnado há alguns anos. O crescimento aumenta a preocupação sobre o risco de doenças ligadas à obesidade, como hipertensão e diabetes.

Experimentos conduzidos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também confirmam que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) pode ser capaz de infectar células adiposas humanas e de se manter em seu interior. Esse dado pode ajudar a entender por que indivíduos obesos correm mais risco de desenvolver a forma grave da covid-19.

No Reino Unido, sete em cada dez pacientes graves com coronavírus são obesos ou estão acima do peso, revelaram dados do serviço de saúde inglês, o NHS, obtidos a partir de admissões nos centros de cuidados intensivos locais.

Foram analisados 196 pacientes internados em julho. Desses pacientes, 16 morreram. O estudo, liderado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Auditoria em Terapia Intensiva, mostra que 71,7% dos que estão nas UTIs por Covid-19 têm excesso de peso –na população adulta em geral, a taxa é de 64%.

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