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Remédios para intubar pacientes devem acabar em 20 dias e entidades pedem socorro à Anvisa

Mônica Bergamo (Folhapress)

O estoque de analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares usados para a intubação de pacientes em UTIs pode durar apenas mais 20 dias no Brasil -o que criaria um drama adicional para os hospitais: como socorrer os doentes se acabarem os medicamentos.

Caso isso ocorra, um novo gargalo, insuperável, será colocado na luta já dramática contra a Covid-19: mesmo com a abertura de leitos de UTIs, o treinamento de profissionais de saúde e o suprimento de oxigênio, os médicos não vão poder tratar dos pacientes pois será impossível intubá-los. A consequência será um crescimento ainda maior dos óbitos, pois as pessoas morrerão sufocadas sem que os profissionais possam garantir a elas a ventilação mecânica.

A situação se agravou de tal forma nas últimas horas que associações que representam intensivistas, hospitais e operadoras de saúde vão se reunir com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para discutir soluções urgentes para o problema. A informação de que os estoques estão no limite é do presidente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), Reinaldo Scheibe. "O número de internações aumentou, a permanência dos doentes nas UTIs também, e o consumo dos medicamentos explodiu", diz ele. "Os estoques podem acabar em 20 dias", completa.

A Abramge representa operadoras de planos de saúde e seguradoras, que trabalham com hospitais próprios ou credenciados. "Os relatos se repetem em todo o país", afirma ele.

Médicos que trabalham em UTIs de São Paulo fizeram o mesmo relato à reportagem, sob a condição de anonimato. Um deles afirmou que está vivendo momentos "infernais", que a curva de internações só cresce na instituição em que trabalha e que já está "começando a faltar insumos" para tratar de doentes em estado grave.

O presidente da Abramge afirma que a reunião com a Anvisa deve ocorrer no fim da tarde desta quinta (18). Dela devem participar também, segundo ele, a Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) e associações de médicos intensivistas.

Ele diz acreditar que a Anvisa precisa se articular com a indústria nacional para que ela aumente a produção desses insumos. "Mas ela tem que fabricar também outros medicamentos indispensáveis para outras enfermidades. É preciso articular como isso pode ser feito", diz.

Uma outra solução seria a agência facilitar a importação dos produtos, repondo os estoques que estão perto de terminar. "Precisamos discutir com urgência como fazer para agilizar e normalizar a situação" diz ele.

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