SP deve limitar ainda mais público em casas noturnas no Carnaval

Por: Alfredo Henrique

A Prefeitura de São Paulo estuda em reduzir ainda mais o limite de ocupação em casas noturnas durante o período do Carnaval, por causa do aumento de infecções pela variante ômicron do coronavírus.

A alta de casos de Covid já fez com que os desfiles no sambódromo fossem adiados e os eventos com blocos de rua, cancelados.

"Estamos preocupados com as festas de Carnaval fechadas, algumas delas sem nenhum cuidado sanitário. Vamos estabelecer condições mais rígidas para que elas possam acontecer", afirmou à Folha de S.Paulo, na manhã desta quinta-feira (27), o secretário municipal da Saúde Edson Aparecido.

Ele ressaltou que, atualmente, o limite de público em eventos fechados é de 70% da capacidade total. Outras exigências em vigor incluem uso obrigatório de máscara, distanciamento entre participantes e disponibilização de álcool em gel.

"O único ponto nisso em que podemos avançar é em reduzir ainda mais o número de frequentadores", explicou o secretário.

Alguns blocos de rua já realizaram festas particulares em São Paulo, como o Agrada Gregos. Foram três dias de celebração, entre domingo (23) e a madrugada de quarta-feira (26), com 50 atrações na zona norte paulistana.

O evento foi autuado pela Vigilância Sanitária estadual, por ser frequentado por pessoas sem máscara. A organização da festa confirmou a multa, cujo valor não foi informado, acrescentando que seu departamento jurídico estuda se irá recorrer da decisão. O bloco afirmou na ocasião seguir "todas as medidas de proteção" contra a Covid-19.

O titular da Saúde municipal acrescentou que pretende realizar blitz em festas de Carnaval com ajuda do governo estadual, para o qual afirmou já ter pedido apoio. "A Prefeitura tem limites, não temos poder de polícia", justificou.

Apesar de alguns organizadores manterem a programação de eventos para o Carnaval, outros decidiram cancelar temporariamente as festas.
Entre eles, estão os responsáveis pelo Studio SP, que tomaram a medida após reportagem da Folha destacar dez baladas, com nove blocos de rua famosos, que seriam realizadas no espaço, na região central de São Paulo, em meio ao avanço da variante ômicron.

"Neste momento de enorme dificuldade, de pressão da pandemia, dificuldades no sistema de saúde, fazer este tipo de festa, onde as pessoas se contaminam, levam a doença para dentro de casa, contaminam parentes, é realmente uma irresponsabilidade dos promotores das festas", afirmou Aparecido.

O secretário disse ainda que os dados sobre infecção da Covid-19 serão monitorados até meados de fevereiro, pois as festas particulares podem contribuir para o aumento de internações.

"A gente imaginava que poderia ter um processo de estabilidade dos números, em meados de fevereiro, mas as festas podem impedir que isso aconteça", pontuou.

Até esta quarta-feira, 69% dos leitos de UTI e 66% dos de enfermaria da rede municipal de Saúde estavam ocupados por pessoas infectadas com o coronavírus, segundo boletim da prefeitura.

Em 1º de janeiro, eram respectivamente 16% e 21%. Considerando os números absolutos, houve aumento de 268 para 556 internados por Covid-19 em UTIs, representando alta de 107% no período, e de 289 para 685 em leitos de enfermaria, aumento de 137%.

Caso o número de infectados cresça ainda mais, por causa das festas de Carnaval particulares, Aparecido afirmou que a prefeitura está preparada para ampliar seu número de leitos.

Maior taxa de transmissão A variante ômicron contribuiu para que a taxa de transmissão da Covid-19 atingisse seu maior índice no Brasil, de acordo com a plataforma Info Tracker, criada por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e Unesp (Universidade Estadual Paulista).

De acordo com dados da plataforma, calculados desde setembro de 2020, o Rt (ritmo de contágio) do coronavírus atingiu 1,9 nesta quarta-feira (26). Ou seja, 100 pessoas infectadas podem transmitir a doença para outras 190.

O Rt mais alto identificado anteriormente pela plataforma foi de 1,29, em 21 de janeiro do ano passado.