Coluna Aristóteles Drummond: A virada da Europa

A Europa parece acordar para a realidade de que tem de mudar de atitude diante de equívocos acumulados que, hoje, afetam a qualidade de vida da população e projetam perigos graves em curto e médio prazos. E este despertar está evidente no surgimento e crescimento de partidos e lideranças políticas que defendem princípios realistas, com austeridade, combate a privilégios, especialmente nos gastos de pessoal ligado aos Estados, preservando a ordem pública, reconhecendo o mérito e respeito a valores históricos e culturais.

O desempenho econômico da China, a reação vigorosa americana e os esforços dos chamados emergentes acabaram por enfraquecer a economia de muitos países europeus, com reflexos em toda a União Europeia. A austera Inglaterra tratou de se livrar da companhia de endividados e geradores de serviços públicos inchados e ineficientes. Os de governos de esquerda estão entre os mais atingidos pela crise.

Práticas de alto risco, como a gestão de transportes públicos, em pouco tempo levam o déficit público a total descontrole. A carga fiscal elevada é inócua, pois provoca a fuga de capitais e estimula a sonegação. Filme antigo reprisado pelos partidos de esquerda. E depois os “mídias políticos” reclamam de os partidos mais à direita crescerem tanto. Na Espanha, o VOX é uma força em ascensão, assim como, em Portugal, o CDS-PP reassume uma postura dura em relação aos socialistas e o CHEGA, com o seu deputado André Ventura, já está em segundo colocado na corrida presidencial – embora distante do popular presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Alemanha, Itália e Hungria são outros exemplos da opção popular pelo crescimento econômico, com ordem, segurança e sem o uso e abuso do dinheiro arrecadado para fins eleitorais. Thatcher já dizia que os governos não produzem dinheiro, mas arrecadam e gastam o que recebem do povo e, por isso, devem gastar com critério.

A vida dos que gastam irresponsavelmente é curta. Afinal, o povo hoje sabe das coisas, das dívidas, dos gastos desnecessários, das regalias dos políticos, do conluio público com sindicatos que são hostis aos que geram empregos, divisas e pagam tributos ao Estado. O sindicalismo selvagem, das greves, produz desemprego e enfraquece as nações. Exemplo é o quanto custou à França e ao Chile as semanas de baderna nas ruas de suas cidades. O povo quer trabalhar, ganhar mais ser melhor atendido e protegido e sabe que não é com os demagogos que vão chegar lá. Não existe mágica na gestão pública, mas resultados.

Apesar dos esforços para se apagar bons tempos da memória popular, lisboetas e romanos sabem que tiveram anos em que podiam dormir no verão de janelas abertas e de como se retira um país da miséria e desorganização, para uma vida mais digna e estável. A virada da Europa é irreversível. E está chegando a Península Ibérica.