Nova ministra argentina promete equilíbrio fiscal e controle de preços

Por: Sylvia Colombo

A nova ministra da economia da Argentina, Silvina Batakis, 53, deu sua primeira coletiva de imprensa nesta segunda-feira (11) pela manhã, na qual apresentou as primeiras medidas de sua gestão no combate à inflação, que toca os 60%, e à disparada do dólar paralelo, que já aparece nas cotações num valor mais de 100% maior que o oficial.
Batakis assumiu o tom de um discurso moderado, afirmando que o governo assumiria uma posição de respeitar o "equilíbrio fiscal", e que o país "não gastaria mais do que tivesse" nos próximos meses.

"Em situações extremas, como a pandemia, o setor público tem que usar os déficits como um instrumento contracíclico, mas, uma vez passadas essas circunstâncias, temos de retomar o equilíbrio", afirmou.

Batakis apresentou-se na mesa da conferência cercada de seus aliados mais próximos, Daniel Scioli, ex-embaixador no Brasil e agora ministro de Desenvolvimento Produtivo, o titular de Agricultura, Julián Dominguez, o de Turismo, Martías Lammens e o presidente do Banco Central, Miguel Pesce.

Batakis afirmou que buscará o equilíbrio fiscal, que não haverá desvalorização do peso argentino embora isso já ocorra por conta da existência do mercado informal, e que será dura com empresários que aumentem preços em supermercados apenas por "precaução".

Também garantiu que seguirá o processo de reestruturação da dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional), como vinha fazendo seu antecessor, Martín Guzmán. A coletiva ocorre no dia seguinte à realização de intensos protestos em várias cidades argentinas. Há grande desconforto na esquerda e na direita com relação aos altos preços e à disparada do dólar chamado "blue", ou paralelo.

"Não podemos permitir abusos dos preços. O que vem ocorrendo [referindo-se aos aumentos e remarcações nos supermercados] não tem uma explicação técnica e são especulações. Desde hoje vamos conversar com grandes empresários e espero reestabelecer a confiança deles em nossas políticas", afirmou Batakis.
Sobre a inflação, Batakis também apenas a mencionou como algo a ser negociado com empresários. "Temos que ter em conta que enquanto continua um clima de guerra, isso vai impactar no preço dos alimentos e vai nos prejudicar nas exportações de produtos primários", e acrescentou: "será muito pouco profissional arriscar uma projeção nesta situação de desequilíbrio mundial."

Em relação ao dólar paralelo, Batakis advertiu que ele não deve ser a referência para aumento de preços. "Estes devem levar em conta o dólar oficial apenas". Porém, não apresentou as alternativas para evitar remarcações baseadas no paralelo. "Toda a cadeia de preços de um produto, desde que ele chega de fora [do país] até a prateleira do mercado se dá dentro do dólar oficial. Se o lojista o remarca segundo o paralelo, há um problema aí."