Caso Vitória Gabrielly: Casal é condenado a mais de 35 anos de prisão

Por Rafael Lima 

Chegou ao fim mais um episódio do triste caso da morte de Vitória Gabrielly, de apenas 12 anos, no município de Araçariguama (SP). O casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes foi condenado nesta terça-feira (9) por participar do assassinato da menina, em 2018. Tal fato gerou comoção nacional na época.

Segundo a sentença do juiz Flávio Roberto de Carvalho, do Fórum de São Roque (SP), Bruno foi condenado a 36 anos e 3 meses. Já Mayara, foi sentenciada a 36 anos pelo homicídio, sequestro e ocultação de cadáver com qualificadoras. “O castigo para a família é perpétuo. Só restará saudade e as flores no cemitério. O réu, dentro da lei de execução penal brasileira, uma das piores legislações do mundo, uma verdadeira celebração da impunidade conseguirá benefícios com o tempo”, disse o magistrado. Ainda segundo Carvalho, Mayara “foi comprar assadeira e colchas como se nada tivesse acontecido [após o crime]. O que ressalta sua frieza e sua periculosidade”.

Diferentemente o primeiro julgamento, em 21 de outubro de 2019, quando o público pôde acompanhar o servente de pedreiro Júlio César Ergesse, apontado como um dos participantes no assassinato, sendo condenado a 34 anos, no juri, que teve início nesta segunda-feira (8) e chegou ao fim na noite de ontem, nem os pais da vítima puderam adentrar ao Fórum por medidas de prevenção à covid-19.

Júlio Ergesse deixando as dependências do Fórum de São Roque. Foto: Carlos Dias/G1

 

Conforme as informações do Portal Mundo N, o julgamento dos réus durou mais de 36 horas. No primeiro dia, foram ouvidas testemunhas, sendo 4 de acusação e 10 de defesa, além dos réus. Bruno negou a participação no crime, enquanto Mayara permaneceu em silêncio e não respondeu aos questionamentos. Já na terça-feira, foi realizada a fase de debates entre acusação e defesa. Foram mais de duas horas e meia para cada uma das partes. Em seguida o conselho de sentença – composto por quatro mulheres e três homens – se reuniu na sala secreta onde por intermédio de quesitos, que são perguntas feitas objetivamente aos jurados, declarou os réus culpados.

O desaparecimento de Vitória e as buscas geraram comoção nacional. Foto: Reprodução

 

A reportagem do Correio da Manhã conversou com Beto Vaz, o pai de Vitória, que falou sobre as condenações: "Foi doloroso não poder acompanhar lá de dentro, mas independente de qualquer coisa vencemos mais uma etapa. Não sou advogado e nem juiz, eu sou pai. Com a graça de Deus, se Deus permitir, eles vão cumprir a pena. Só assim, cumprindo na íntegra, é que vamos manter o coração em paz", relatou. 

Na época, a defesa de Júlio entrou com recurso no Superior Tribunal de Justiça para tentar anular o júri de 21 de outubro de 2019. Em segunda instância, o Tribunal de Justiça diminuiu a pena dele para 23 anos e 4 meses de detenção, sendo quase 10 anos a menos. Os advogados do casal já informaram que também recorrerão da decisão em primeira instância.

A menina do patins

Câmeras de segurança registram os últimos momentos em que Vitória foi vista próximo de casa. Foto: Reprodução

 

O município de Araçariguama foi capa de jornais e portais de todo o país em junho de 2018, quando a notícia trazia o desaparecimento da menina Vitória Gabrielly, de apenas 12 anos, após ela ter saído próximo a sua casa para andar de patins. O corpo dela foi encontrado oito dias depois, em uma região de mata no bairro Caxambu, e próximo aos patins.

Com o trabalho de investigações, foi descoberto que Júlio Ergesse havia dito que esteve com a menina no momento em que ela foi sequestrada (câmeras registraram ela entrando em um carro desconhecido) e também apontado a participação de Bruno e Mayara, que moravam em Mairinque, município vizinho. A princípio, a principal linha de investigação na época era de execução por vingança. 

Em julho de 2018, a Polícia Civil de Araçariguama esclareceu que a adolescente foi morta por engano por uma dívida de drogas de R$ 7 mil. O mandante do crime também foi identificado, como Odilan Alves, de 36 anos, e foi preso em maio de 2019. Ele morava em Itapevi e confessou que comandava o tráfico de drogas na região de Araçariguama, mas negou envolvimento na morte de Vitória. Até o momento não há data para seu julgamento.