Editorial - Água e azeite não se misturam

É inacreditável a diferença entre os governadores João Doria e Wilson Witzel. São como água e azeite. Não se misturam, ainda mais se a água for da Cedae. O ensaio dos dois em construir uma agenda republicana, de diálogo e não anti-Bolsonaro não vinga pela falta de visão de estadista de pelo menos uma das partes.

O saltitante governador fluminense na Sapucaí, representando o personagem de “malandro carioca” encarnado com perfeição pelo ex-prefeito Eduardo Paes, não colou. Ele foi alvo dos primeiros apupos públicos, algo que tem ocorrido em avalanche nas redes sociais.

Enquanto Doria se impõe no campo da argumentação, Witzel fala uma coisa e faz outra.

É tão desprovido de bom senso que, em plena crise da Alerj, que o acusa de espionar deputados, ele vai para os EUA e leva o pivô da confusão, o secretário Lucas Tristão, para visitar o FBI. Os dois só faltaram ir à CIA para refinar o processo de captura de dados dos quais são acusados.

Na porta do super Camarote do Governo, regado a uísque 12 anos e que até hoje não se sabe direito quem está pagando a conta, a diferença de Doria e WW ficou acentuada. Perguntado por jornalistas se aceitaria o patrocínio do maior sonegador de impostos do estado para o carnaval paulistano, João Doria foi impiedoso com seu colega anfitrião: “São Paulo cobra e não pede nada de Manguinhos”.

Uma diferença de estilo gritante, já que o Governo do Rio pilotou, de forma confessa, uma articulação para arrancar R$ 20 milhões da Refit para a Liesa. Uma gotícula para quem deve R$ 5 bilhões ao estado. Fazer caixa com sonegação tributária é uma prática antiga, só que nunca teve aval ou benevolência do Governo que é sonegado.

Cabe agora ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado fazer o rescaldo da folia e gastos carnavalescos de WW.