Dispersão de fluxo da cracolândia tem saques e correria na Santa Ifigênia, em São Paulo

Por: Matheus Moreira e Paulo Eduardo Dias

Correria e saques causados por dependentes químicos e pessoas em situação de rua assustaram moradores e comerciantes na região central da capital nesta quarta (6). As ruas da Santa Ifigênia, dos Gusmões e Guaianazes foram as mais afetadas.

Uma loja na rua dos Guaianazes, em Campos Elíseos, na região da cracolândia, foi saqueada na madrugada desta quarta-feira (6) por volta das 5h. Segundo uma vizinha da loja saqueada, no local invadido funciona um bar e uma lanchonete, e entre os produtos que ela viu serem levados estão bebidas, um banco e uma TV pequena.

Valdeir Silva de Oliveira, 30, é filho do dono da loja saqueada. Ele diz que foi a primeira vez que invadiram o o local e que a correria teria começado após a GCM (Guarda-Civil Metropolitana) tentar dispersar o fluxo que estava concentrado na rua dos Gusmões com a avenida Rio Branco.

"Eles começaram a subir a Gusmões provocando uma onde arrastões", diz. A família agora espera o resultado da perícia para contabilizar o prejuízo.

"Meu marido acorda às 4h pra trabalhar. Quando foi por volta das 4h05 começamos a escutar os gritos dos usuários e barulho da porta da loja. Quando saímos na varanda estava essa tragédia", disse a secretária acadêmica Jéssica Almeida, 25.

A moradora diz que policiais militares e guardas-civis metropolitanos chegaram rapidamente ao local, evitando o saque de outras lojas. "Desde que a cracolândia foi para a praça Princesa Isabel estamos nessa insegurança", disse a secretária.

Pablo Ferreira, 32, viu o momento em que frequentadores do fluxo saquearam uma banca de jornal na avenida Rio Branco. "Foi uma cena muito triste. Eles saíram pegando tudo, o senhorzinho [da banca] tentando impedir e sendo empurrado. É desumano o que eles fazem com a gente", disse.

A reportagem avistou um assalto a um motoqueiro que estava parado no semáforo da rua General Osório na esquina com a Avenida Rio Branco. Ele teve o celular roubado. O motoqueiro tentou conversar e pedir de volta o celular, mas foi cercado por pelo menos dez pessoas.

Por medo de novos saques e como forma de protesto, comerciantes da Santa Ifigênia decidiram não abrir as portas nesta quinta (7). Inclusive, nesta mesma data, a prefeitura de São Paulo prepara operação contra os "hotéis da cracolândia" há apenas algumas quadras de distância, atrás do novo prédio do Hospital Pérola Byington.