Transporte na capital paulista tem movimento menor, mas lotação permanece

Mariana Freire (Folhapress)

No primeiro dia da fase emergencial do Plano São Paulo, usuários do transporte público na capital paulista relataram uma diminuição do número de passageiros, mas ainda havia pontos com aglomeração de pessoas. Uma das medidas para conter o aumento do número de casos de Covid-19 no estado é a recomendação do governo do estado de que empregadores façam o escalonamento do início do expediente para diluir o fluxo de pessoas em estações, terminais e nos veículos.

Para a encarregada de limpeza Nilda Ribeiro, 48, a saída do expediente, na manhã desta segunda-feira (15), foi mais tranquila que em outros dias, mas ainda longe do ideal. Ela trabalha no Tucuruvi (zona norte), onde pegou a linha 1-azul, e trocava de linha na estação da Luz (região central) para seguir até o Butantã (zona oeste). "Até estranhei quando entrei porque achei mais vazio que em outros dias, mas ainda dá para melhorar."

Na Luz, havia aglomeração de pessoas nas plataformas, especialmente nos acessos às escadas, e também em alguns pontos das transferências entre linhas –mas que se dissipavam com mais facilidade que em outros dias, segundo passageiros. Os trens chegavam à estação com muitas pessoas em pé, mas a maior parte dos relatos dizia que houve melhora. "Não dava para sentar, mas não estava espremido como em outros dias", afirma o cozinheiro Raimundo Emílio, 56. Saindo de Poá, ele chegou à Luz na linha 11-coral da CPTM logo depois das 6h, bem mais cedo que o normal, porque a empresa em que trabalha adotou o escalonamento.

O marceneiro Fernando Muda, 39, também diz que observou a diminuição do número de pessoas no trem para chegar ao trabalho. Ele pegou a linha 7-rubi da CPTM em Franco da Rocha até a Luz, mas estava receoso de como seria à tarde. "Na hora de voltar sempre é pior." Já a auxiliar de limpeza Lucia Delmondes, 50, diz que não percebeu diferença no trem da linha 11-coral que pegou de Guaianases (zona leste) até a Luz. "Está lotado. Achei que estivesse mais vazio, mas não estava. Vim mais cedo porque meu horário mudou, mas não melhorou nada."
A STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado) não informou a quantidade de passageiros e o tamanho da frota até a publicação deste texto.

Passageiros que usaram os ônibus na manhã desta segunda relataram lotação bem menor que o normal. A reportagem esteve em três terminais (Parque Dom Pedro 2º, Pinheiros e Santo Amaro) e, em todos eles, o movimento de pessoas era pequeno. Para alguns ônibus, havia fila, mas sem aglomeração. "Estava mais vazio. Desse jeito me sinto mais seguro", afirma o auxiliar de serviços gerais Marcelo de Oliveira, 50. Morador da Ponte Rasa (zona leste), ele estava no terminal Dom Pedro para pegar um segundo ônibus para a Mooca (zona leste).

A diarista Priscila Quesada, 40, teve o horário alterado e afirma que o efeito foi positivo. Por volta das 8h30 ela chegava ao terminal Pinheiros depois de sair da região do Capão Redondo (zona sul). "Estava bem mais tranquilo que o normal." A gerente comercial Andrea Bianconi, 47, tinha a mesma impressão: "Vim até sentada." Ela chegava para o trabalho na rua 25 de Março (região central). A calmaria do transporte, contudo, não era o suficiente para deixá-la tranquila sobre o coronavírus. "Para ficar tranquila mesmo, só se ficasse em casa."

Em nota, a SPTrans afirma que, na última semana, a primeira desde que o estado voltou à fase vermelha, a demanda de passageiros nos ônibus foi de 52% em relação ao que era registrado antes da pandemia. Uma semana antes, entre os dias 1º e 5 de março, esse índice era de 61%. O balanço de passageiros desta segunda-feira só estará disponível na terça (16). De acordo com o texto, a operação em dias úteis conta com 88,25% da frota em toda a cidade.