Coluna Magnavita: TAP omite a Chanceler a existência de nova proposta para salvar os 500 empregos da ex-VEM

O vice-presidente de Finanças da TAP, Gonçalo Pires, veio de Lisboa para a reunião realizada nesta terça, 18, em São Paulo, com o chanceler brasileiro, Carlos Alberto França. Houve uma conversa, que teria de tudo para ser franca e focar na salvação dos 500 empregos da ex-VEM, na Ilha do Governador, que a TAP resolveu encerrar. Diante da maior autoridade brasileira nas relações internacionais, o vice da TAP, traçou - cheio de dedos - o cenário que resultou na dura decisão. Diplomacia a parte, faltou a Pires ser preciso nas soluções que possui a mesa. O retrato que ele realizou foi o de novembro de 2021, sem que houvesse o aporte do Comissário da Comunidade Europeia. Naquela data, foi exigida uma garantia bancária de primeira linha, de R$ 250 milhões, para garantir o passivo tributário que seria assumido pelo comprador do parque de manutenção do Rio. Com o aporte de Bruxelas, TAP entubou o prejuízo das ações trabalhistas e o passivo tributário. Uma nova proposta foi enviada à TAP na sexta, 14 de janeiro. Neste novo cenário, o comprador assume os empregados que estão ativos e oferece garantias desta sucessão. Ou seja, a companhia portuguesa salva os 500 empregos e se livra de € 10 milhões de euros de indenizações.

Se a empresa tiver que ser vendida, terá de ser agora, enquanto há tempo para recuperar os serviços que estão sendo recusados. Além da carteira de clientes definhar gradativamente, a empresa vai perder valor e entrar em uma manobra de looping sem volta, com as demissões se iniciando em março. Em 18 meses, só terá um funcionário para apagar a luz.

O Governo brasileiro não pode privilegiar um parceiro privado neste negócio, mas deve externar a decisão de manter estes 500 empregos especializados na cidade, que é o berço político do Presidente da República e do senador Flávio Bolsonaro. A TAP demonstrou respeito ao enviar o seu vice-presidente para a reunião, mas deveria ser transparente ao revelar que existem propostas concretas para salvar os empregos, dentro de realidade que foi criada, a partir da notícia do comunicado de encerramento do seu centro de manutenção no Rio. Cabe ao Governo Federal e ao Rio criarem condições para atrair interessados para o negócio. A corrida é contra o relógio e pela continuidade da empresa instalada no Galeão.