A Revista Veja e o Pastor Everaldo Pereira, o verdadeiro dono do Rio

Imprensa e investigadores começam a desnudar a atuação do Presidente Nacional do PSC

Por Cláudio Magnavita*

O Correio da Manhã tem publicado várias reportagens sobre a influência do pastor Everaldo Pereira nos governos do PSC. Está semana, a Veja aponta uma possível atuação também no recebimento de restos a pagar no Rio. Na véspera da operação, publicamos um raio-x do Everaldo. Após a prisão de Mario Peixoto e das denúncias da Veja, vale apena a releitura do texto, que republicanos hoje e ganha uma nova dimensão:

Uma figura tem fugido da mídia como o diabo foge da cruz, o pastor Everaldo Pereira, presidente do PSC, responsável direto por dois governos que desmoronam: o do Amazonas e o Rio de Janeiro.

Os seus dois pupilos, Wilson Lima e Wilson Witzel, estão sendo tragados pelo peso das práticas antigas de Everaldo, de utilizar a máquina pública para grandes negócios.

Ao eleger dois governadores no último pleito, no qual ele próprio teve um desempenho pífio como candidato ao Senado, o presidente do PSC ganhou a chave de dois cofres.

O Witzel foi o azarão que ele tentou rifar por não acreditar na sua vitória. Ia entregar o apoio da legenda para Eduardo Paes. A negociação estava avançada. Um outro passo foi implodir uma negociação formal com o Flávio Bolsonaro, por insistir na sua própria candidatura ao Senado.

A conclusão que se chega é que Witzel venceu apesar do pastor. A campanha foi à inanição por falta de aportes do PSC e só não naufragou porque o núcleo duro resolveu buscar recursos por meios próprios, ou seja, Everaldo foi quem jogou Lucas Tristão no colo do Mário Peixoto.

Com a surpreendente vitória no primeiro turno, a postura de Everaldo mudou com o seu azarão. Passou a enxergar cifrões por todo lado: Cedae, Detran e outros perdulicários.

Existe uma enorme dívida do pastor com o Witzel. Foram as conexões do ex-juiz com o Judiciário que livraram Felipe Pereira do maior problema da sua vida. Wilson literalmente salvou o primogênito do pastor de morrer afogado em um mar de lama. Só isso já bastaria para quitar a dívida da cessão da legenda para o governador.

Mas vida que segue, e Everaldo abduziu toda a área de comunicação e publicidade do Governo, passando a operar de uma forma original. Manteve as empresas contratadas e passou a indicar outras do seu interesse para serem subcontratadas. Uma farra.

Na Cedae, emplacou seu preposto e continua com os seus marionetes de plantão e a sua maior cartada foi colocar na Casa Civil o ex-deputado e líder do PSC, André Moura.

Tanto Moura como Everaldo desenvolveram uma forma freudiana de ganhar espaço: balançam a cenoura presidencial para o Witzel, que hipnotizado deixa o caminho livre para os dois.

André, fazendo musculatura para virar governador de Sergipe, e o pastor aplicando as técnicas que aprendeu com o ex-deputado Eduardo Cunha, de como se servir do Estado. Aliás a dupla tem um histórico secular com o ex-presidente da Câmara, hoje em prisão domiciliar. A casa de Cunha era a casa de Everaldo em Brasília e Moura sempre foi seu fiel aprendiz.

O próprio Edmar Santos, o “impoluto” secretário de Saúde, foi apresentado a Witzel pelo próprio pastor. O nome escolhido para a saúde seria outro. Só este DNA justifica tudo que vem ocorrendo na pasta, inclusive as prisões.

Nesta equação surge também o vice, Cláudio Castro, escolha pessoal do candidato à revelia do pastor, que queria um nome mais administrável. Só concordou por que a chapa já tinha um destino previsto: ser negociada com outra legenda .

Existe um video no qual Bolsonaro diz cobras e lagartos do pastor Everaldo. Ele foi atraído pela sua conversa mole, sempre humilde e muitas vezes sofredora. Quando descobriu, Everaldo já fazia negócios em seu nome até com o PCdoB no Maranhão. Saiu atirando e pesado.

Everaldo tem sido o vírus que tem corroído as gestões dos dois governos que lhe foram dados de mãos beijada. O do Rio está envolto em escândalos e a entrada dos investigadores federais levará até a fase dos tubarões. Por enquanto, só temos bagrinhos falantes. No Amazonas, por igual motivo, o Wilson Lima já teve seu pedido de impeachment requerido na Assembleia Legislativa.

O sonho de Everaldo de ser o dono do Rio é retardado por um governo colapsado financeiramente, sem dinheiro para pagar os salários de agosto, sem limites morais, com um governador cercado por bajuladores.

Para compreender o que está ocorrendo realmente com o Estado, é necessário colocar o holofote no pastor Everaldo Pereira e na sua grande obra. No Ministério Público estadual, e principalmente no Federal, já tem gente dedicada a esta fétida tarefa.

*Cláudio Magnavita é diretor de Redação do Correio da Manhã