Coluna Magnavita: Otoni, de carrasco de Witzel a candidato do PSC

A operação Placebo, que atingiu em cheio o governador Wilson Witzel e a sua esposa Helena, com a Polícia Federal entrando no Palácio das Laranjeiras, residencial oficial do chefe do Executivo, e o submetendo ao vexame de ter os celulares e computadores apreendidos, ter vasculhados todos os bolsos de seus ternos e até a carteira de cédulas revirada, teve como pivô a denúncia do deputado federal Otoni de Paula, único deputado federal do PSC do Rio, o mesmo partido do investigado.

Já questionamos várias vezes que a antropofagia partidária de Otoni continuava impune. Nunca houve uma única advertência contra os ataques violentos promovidos pelo parlamentar contra as estrelas da legenda.

De forma inteligente, Otoni virou carrasco do governador e nunca atirou contra o pastor da Assembleia de Deus, Everaldo Pereira, presidente nacional do PSC. A falta de freios contra a metralhadora de Paula cheirou conivência da cúpula partidária várias vezes.

Witzel não é apenas um afiliado qualquer do partido. Além de governador do segundo maior estado da federação, é o presidente de honra do PSC.

A notícia publicada pelo jornal O Globo nesta terça-feira, 4 de agosto, da articulação de Otoni com o pastor da Assembleia de Deus, Everaldo Pereira, para concorrer a prefeito do Rio pelo PSC, deixou a classe política perplexa.

Diferentes leituras

A primeira leitura é do descolamento do Everaldo Pereira do próprio governador Wilson Witzel. Ao reconhecer Otoni como possível candidato do PSC, Everaldo estaria procurando salvar o seu próprio pescoço.

No encontro de parlamentares com o presidente Jair Bolsonaro, foi advogada uma reaproximação com Pereira e minimizadas possíveis operações contra o presidente nacional do PSC.

Assembleia de Deus

A reaproximação de Otoni com Everaldo teve como padrinho o bispo Abner, e foi realizada na sede da igreja em Madureira.

Muitos apostam em uma manobra visando atingir a candidatura de Marcelo Crivella e beneficiar Eduardo Paes.

Junto com Paes

Na eleição passada, um pré acordo previa o apoio do PSC a Paes no segundo turno. Ninguém apostava no fenômeno Witzel.

A Assembleia de Deus apoiou Eduardo Paes, e o PSC barganha espaço para indicações na Saúde e na Cedae. Mal imaginava Pereira que terminaria com todo o governo no seu colo.

Serve a vice

Este movimento pode estar novamente sendo orquestrado. A Assembleia de Deus arrasta asas para Paes, que procura um vice evangélico.

O sonho de Otoni é ser candidato a vice na chapa de Eduardo Paes. Naquela conversa da bancada com Bolsonaro, o deputado alegou que apoiaria qualquer candidato, menos Crivella.