Coluna Magnavita: Despedida quase maculada

Por Claudio Magnavita*

Nesta quarta, 2 dezembro, terá inicio o último capítulo de uma história que já dura duas décadas: a permanência do Conselheiro Thiers Vianna Montebello na Presidência do Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM). Esta longa permanência com uma sucessão de mandatos consecutivos revela um aspecto positivo: a habilidade de Thiers de ser escolhido pelos seus pares, como reconhecimento do seu carinho pela presidência e a sua paciência em manter o equilíbrio da corte, que resultou seus múltiplos mandatos.

O aspecto discutível e até questionado juridicamente foi a incapacidade do TCM de estabelecer um rodízio entre os seus pares. Ao completar 75 anos em abril, Montebello deixará a corte de forma compulsória. Sua ultima reeleição agora tem um prazo de validade de apenas 4 meses. Dentro da normalidade dos múltiplos mandatos como presidente, torna-se natural que encerre esses 28 anos como conselheiro e 20 como presidente, cadeira que ocupa com tanto amor e dedicação. É uma saída de cena perfeita e que deverá ocorrer com muitas merecidas homenagens.

O natural seria a escolha do seu vice, na verdade, o Presidente a partir de maio, entre os mais antigos. São conselheiros que declinaram várias vezes de uma postulação em favor do próprio Thiers.

O que causa estranheza é o fato de o caçula da turma, o conselheiro Luiz Guaraná, que desembarcou na corte de forma polêmica e conturbada, esteja se assanhando para ser o vice. É um pleito legal, porém arranha na moralidade, quando retorna ao governo o prefeito que o indicou, Eduardo Paes e que terá além da chance de ter um preposto na presidência, a oportunidade de indicar dois novos conselheiro nos primeiros meses da sua gestão.

Corre o risco, o TCM, de iniciar este novo ciclo de forma transversa, prejudicando a autonomia da corte de contas, maculando uma festa harmônica de despedida.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã