Coluna Magnavita: Dia histórico para a política fluminense em Brasília

Coluna Magnavita: Dia histórico para a política fluminense em Brasília

Presenças de Bolsonaro, Lyra, senadores e deputados colocam o governador Cláudio Castro em outro patamar político

Por Cláudio Magnavita*

Aviso aos navegantes

O Cláudio Bomfim de Castro que embarcou para Brasília na última terça, 25, é bem diferente do governador que desembarca no Rio na nesta quinta-feira pela manhã.

Todo o manto de costura política, diálogos não conclusivos, a aparente insegurança e os rumos a serem tomados foram sepultados com o que ocorreu nas últimas 24 horas.

Qual político fluminense conseguiu dar, nos últimos 10 anos, a demonstração de força política do novo governador? Não foi um ato institucional, um ato da força do cargo, mas o cacife de uma força político nova que surge e, principalmente, de cunho pessoal.

Ao colocar o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira em sua solenidade de filiação ao PL, acompanhados pela ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (que é do PL), senadores (dois do Rio, Portinho e Romário), deputados federais e dirigentes partidários, Cláudio Castro catalisou todo um processo de construção estratégica, muitas vezes incompreendido, especialmente pelos apressados.

Esse ato é um marco para a política fluminense. É a gênese de um novo governo que se inicia.

Quem é de centro-direita está desacostumado com essa construção de cenário, muito característica da esquerda mais sofisticada, que mexe com convicção cada peça no tabuleiro, antevendo as próximas jogadas e até sabendo enfrentar o desespero de aliados e surpresa dos adversários. Castro usou desta refinada visão estratégica com muita competência.

O governador que retorna de Brasília hoje é um novo homem, bem mais seguro, preciso e com as ferramentas necessárias para dizer que o jogo, ou melhor , o seu governo começou agora.

Em 30 de abril, com o impeachment sacramentado, a arrumação da casa foi feita. No mesmo dia houve o vitorioso leilão da Cedae que garante o caixa para o Estado fazer obras. O horizonte de bonança foi definido.

No aparente caos da gênese, o que seria uma derrota, a perda do PSD, virou uma vitória. A carta da manga era um partido afinado com Bolsonaro. O presidente teria ido à cerimônia de filiação ao partido-fazenda do Kassab? A pífia filiação de Eduardo Paes, na mesma cidade e na mesma data, mais parecia um idílio de dia dos namorados do que um ato parrudo de filiação partidária. Complementado com o lançamento do desconhecido e enrolado Felipe Santa Cruz, citado na delação de Lavouras, ao governo do Estado.

O governador que desembarca, com um robusto aval da política nacional está pronto agora para montar o seu governo. Habilitado e respaldado para dizer não e colocar ordem na casa.

Exonerar ou nomear é apenas um detalhe. Poucos se dão conta de que receberão uma pasta amarrada a uma cartilha de metas, o Pacto RJ. Na educação, por exemplo, o grande legado de Comte Bittencourt foi ter aprovado as metas da sua pasta para os próximos anos. Cada titular terá metas a cumprir e o governo usará mecanismos para medir desempenho. Ser secretário do Governo Cláudio Castro não será um voo cego. Quem quiser saber o que ocorrerá, é só ler os manuais do Pacto RJ.

O Rio peca por um provincianismo histórico. Quem faz política de varejo não compreende a dimensão e importância do estado no cenário nacional. Os mais experientes na política, como o prefeito Eduardo Paes, ficam vulneráveis ao desdenhar daqueles que não são parte da sua patota, como o nosso alcaide fez com Pezão e com o próprio Castro. É bom lembrar que foi ele que perdeu o PL, que estava na sua coligação e lhe deu um grande quadro, o vice-prefeito Nilton Caldeira, outro que eventualmente entrou na sua lista de desdém.

Agora que perdeu o PL para o governador, Paes já é aconselhado a diminuir o espaço da legenda na sua administração. Uma coisa tacanha.

É importante frisar que Cláudio Castro deixou um partido no qual estava há 14 anos, bem antes da nefasta era do Everaldo Pereira.

O Governo Federal precisa ser agora coerente com o discurso de apoio e cumprir as promessas de apoio efetivo.

Há muito precisávamos de um cenário sólido e de um governador pacificador com apoios políticos densos. O último foi um cometa, do qual ninguém mais se lembra. O Rio entra em uma fase de bonança e o Cláudio Castro que retornou de Brasília já pode dizer que seu governo agora realmente começou.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã

Os secretários André Moura e Nicola Miccione, com o presidente da Rioluz, Bruno Bonetti

 

Castro assina sua filiação ao PL, agraciada pelo presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto

 

Castro recebe os cumprimentos do presidente da Câmara, Arthur Lira

 

Presidente Bolsonaro e governador Cláudio Castro, com os parlamentares do PL