Coluna Magnavita: O que a CPI do Senado tentou esconder - (Parte V): E agora Senadores? CPI-RN quebra sigilo do ex-ministro ‘queridinho’ da Dilma

Coluna Magnavita: O que a CPI do Senado tentou esconder - (Parte V): E agora Senadores? CPI-RN quebra sigilo do ex-ministro ‘queridinho’ da Dilma 

Sigilo fiscal, telemático e bancário de Gabas é quebrado

Secretário Executivo já foi alvo de operação da Lava Jato 

Por Cláudio Magnavita

A CPI-RN, da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, aprovou nesta quinta, 14, a quebra do Sigilo Telemático, Fiscal e Bancário de Carlos Eduardo Gabas, ex-ministro do PT e Secretário Executivo do Consórcio Nordeste. Trata-se do mesmo personagem que foi convocado pela CPI e que entrou mudo e saiu calado. O seu silêncio será respondido agora, pela quebra do sigilo. A Comissão Parlamentar de Inquérito poderá estabelecer as ligações telefônicas e as trocas de mensagens entre Gabas, Rui Costa – presidente do Consórcio e governador da Bahia, Bruno Dauster, então Chefe da Casa Civil, Cristina Prestes Maia Taddeo, dona da Hampcare (empresa vendedora), e, principalmente, Edinho Silva, ex-ministro do Partido dos Trabalhadores e prefeito de Araraquara, cidade paulista que virou o epicentro do prejuízo de R$ 48 milhões aos cofres dos estados nordestinos.

A CPI, com a quebra do sigilo fiscal, poderá levantar a variação patrimonial de Carlos Gabas antes e depois da sua passagem pelo Ministério da Previdência e pela Secretaria Nacional de Aviação Civil, quando lidava diretamente com interesses da família Constantino, dona da Gol, e de Henrique Constantino que celebrou delação premiada.

Não é a primeira vez que o ex-ministro fica mudo em um depoimento. Em junho de 2016, foi alvo da Operação Custo Brasil, um desdobramento da 18ª fase da Lava Jato, que resultou na prisão do ex-ministro Paulo Bernardo. Em uma quinta-feira ele foi alvo de condução judicial, por mandato da Justiça Federal de São Paulo, e preferiu ficar em silêncio.

O responsável pela liberação a jato e antecipada de R$ 48 milhões, para a empresa especializada em produtos da Cannabis, e que usa uma folha estilizada de maconha como símbolo, foi o superintendente do Consórcio, Carlos Gabas, funcionário de carreira do então Ministério da Previdência, do qual foi, durante anos, Secretário Geral, mesmo cargo que ocupa atualmente na entidade criada pelos nove governadores de oposição. Ele sofreu busca e apreensão da Polícia Federal em seus endereços, e foi investigado por um suposto envolvimento na contratação ilegal e recebimento de propina da Consist, para prestar serviços sobre crédito consignado. Na operação Custo Brasil, foi apreendida uma moto Harley-Davidson, que o então ministro utilizava para passeios secretos, levando na garupa a então presidente da República, Dilma Rousseff. Ele também foi acusado de ter se aposentado em apenas 24 horas, período igual que usou para enviar o dinheiro para a compra dos respiradores fantasmas. O tempo médio de aposentadoria na época era de 75 a 115 dias, pelo INSS.

A CPI-RN conseguiu o que a CPI do Senado naufragou: colocar o ex-ministro no centro das investigações desta compra misteriosa. Em Brasília, os senadores do nordeste, inclusive o moralista líder do PSDB, Tasso Jereissati, foi contra a convocação de Carlos Gabas, e a maior fraude comprovada na compra de insumos na pandemia foi varrida para debaixo do tapete.

Os nove governadores do Nordeste foram surpreendidos por esta negociata, que seria a primeira de várias compras coletivas, e adotaram a política de defender o indefensável.

Criam um lapso temporal no negócio, criminalizando uma empresa que “apenas” não entregou os 300 respiradores. Em nota oficial, abordam o quadro caótico da pandemia, incorporam siglas de entidades internacionais e finalizam dizendo que caíram no golpe de empresários inescrupulosos. A cereja do bolo é demonizar o negacionismo, atirando como moralistas no governo Bolsonaro. O mesmo discurso da CPI do Senado que os protegeu. O que os governadores não explicam, e não teriam como, são perguntas simples:

1. Por que contrataram uma empresa que não apresentou nenhuma prova que possui respiradores?
2.Por que assinaram um contrato com uma firma fundada há oito meses, funcionando no apartamento da dona, e sem nenhum cliente de porte?
3. Por que R$ 48 milhões foram pagos a vista, antes mesmo da emissão da nota fiscal, sem as garantias exigidas pelo Artigo 56, da lei 8.666?
4. Por que mantém até hoje Carlos Gabas como Secretário-Geral?